O porta-voz do PAN disse que a deputada Cristina Rodrigues, que se demitiu do partido esta quinta-feira, privilegiou os seus "interesses pessoais". André Silva confirmou a retirada da confiança política à deputada, que deverá manter-se no cargo como independente.
Corpo do artigo
12351128
André Silva defendeu que Cristina Rodrigues - a sétima pessoa a demitir-se do partido nos últimos dias - "não convive bem com a democracia". Na sua opinião, a deputada pertence a um grupo de "pessoas próximas" que "usaram o PAN como trampolim" e que agiram "de forma concertada".
O líder do partido garantiu que a retirada de confiança política a Cristina Rodrigues se tornou "inevitável", mostrando estranheza por nem ela nem Francisco Guerreiro, eurodeputado que se afastou na última semana, terem abdicado das respetivas remunerações.
André Silva refutou as acusações de Cristina Rodrigues de que teria sido afastada da direção, dizendo que a deputada nem sequer se candidatou e que faltava frequentemente a reuniões. No Parlamento, não desenvolveu qualquer trabalho na comissão de Agricultura, argumentou o porta-voz do PAN,
Na visão de André Silva, a militante demissionária "sempre demonstrou falta de empenho e interesse" pelo trabalho político do partido. Tal como os restantes membros recém-desfiliados, terá mostrado sempre "uma recusa e uma resistência enormes" em acatar as decisões da direção, entrando em rutura "ao arrepio do debate interno".
"Ao longo do tempo irão perceber as motivações"
O líder do PAN considerou que "não há uma crise" no partido, argumentando que os eleitores irão compreender as circunstâncias destas saídas. Recordou que, até há pouco tempo, Cristina Rodrigues e Francisco Guerreiro faziam parte dos órgãos dirigentes que agora criticam: antes de ambos aparecerem, "tudo estava bem" no partido, defendeu.
Cristina Rodrigues tem alegadas ligações ao IRA (Intervenção e Resgate Animal), grupo de anónimos que costumam surgir de cara tapada e que, esta semana, revelaram nas redes sociais estarem a ponderar criar um partido político.
Questionado sobre se estes acontecimentos estariam relacionados, André Silva apenas disse que os jornalistas terão de "perguntar ao IRA e a Cristina Rodrigues". Pouco antes, tinha afirmado que os portugueses "irão perceber ao longo do tempo o que se está a passar e quais são as reais motivações da saída destas pessoas".
O líder do PAN revelou ter sabido da saída da deputada no próprio dia. "No prazo de uma semana [houve] a mesma estratégia, a mesma atitude, exatamente à mesma hora", vincou.
PAN não tem falsos recibos verdes, garante André Silva
12315182
Depois de ler o comunicado do PAN, - ladeado pelas deputadas Inês Sousa Real e Bebiana Cunha e pelo dirigente Nélson Silva -, André Silva afirmou aos jornalistas que sempre assumiu responsabilidades políticas e que continuará a fazê-lo.
No entanto, acrescentou que a discussão interna ocorrerá "atempadamente", uma vez que "convocar um Congresso a quente não é a melhor situação".
Sobre a alegada existência de funcionários em regime de falsos recibos verdes - que, segundo o Observador, terá estado na origem da rutura entre André Silva e Francisco Guerreiro - o homem-forte do PAN lembrou que as nomeações na Assembleia da República ou nas Assembleias Municipais "não são contratos" e que têm "caracrísticas próprias". O mesmo acontece em todos os partidos, assegurou.
Cristina Rodrigues é a sétima pessoa a desvincular-se do PAN nos últimos dias, depois do eurodeputado Francisco Guerreiro e da mulher, dos três dirigentes do partido na Madeira e de um membro da concelhia de Cascais - este último anunciado por André Silva durante a conferência de imprensa.