<p>Angola é independente há 35 anos. Foi a 11 de Novembro de 1975. Vinte e sete desses anos que poderiam ser de desenvolvimento e de paz foram de guerra. Oito anos de paz é muito pouco, como diz a nota pastoral dos bispos angolanos, aprovada em 27 do mês corrente.</p>
Corpo do artigo
"No período de guerra - desejam os bispos católicos -, muitas feridas se abriram no coração dos angolanos, as quais, felizmente, têm vindo a cicatrizar. Rogamos ao Senhor que esta cura seja completa sem qualquer perigo de recaída alguma".
Têm razão os bispos angolanos: "O efeito da guerra era duplamente negativo: por um lado, desfazia o que estava feito; por outro lado, não deixava refazer o que estava desfeito".
Se os progressos em tempos de paz são visíveis, como assinalam os bispos, ainda são muito escassos e há muito por fazer. "Urge avançar mais", insistem.
Os bispos querem inclusive que se facilite o papel da Igreja Católica, em particular na reconstrução das suas escolas e estruturas sanitárias. Para isso, nem sequer é preciso "privilegiá-la", assinalam os bispos, mas apenas "ajudá-la a colaborar melhor no desenvolvimento do país". Quem fica a ganhar é o país.
O que mais preocupa os bispos angolanos é a "insegurança que ameaça a vida humana, como a fome, a violência e os acidentes principalmente estradais. Num país como Angola, riquíssimo em recursos alimentares, é imperdoável a fome que ainda aflige irmãos nossos nalgumas regiões. É urgente tomar as necessárias medidas para modificar tão dolorosa situação". Não dizem, mas todos sabem que há abismos económicos e sociais entre os poucos que têm tudo e os muitos que passam fome.
Os bispos angolanos também defendem o ambiente, convencidos que "destruir o ambiente é tornar a terra inabitável, é acabar com a vida humana sobre a mesma terra". Apelam ao respeito da natureza, "sem a degradar com uma exploração irracional, o que infelizmente está a acontecer. Por isso, defendamos e salvaguardemos esta terra que Deus criou e não a delapidemos com uma irracional utilização".
Concluem com uma oração: "Roguemos ao Senhor para que este novo aniversário da nossa Independência seja um jubiloso ponto de chegada e um auspicioso ponto de partida para mais e melhor na nossa vida nacional".
Angola merece a paz no desenvolvimento integral e solidário dos angolanos. Tem de arrepiar caminhos mal andados e acabar com a corrupção.