O primeiro-ministro, António Costa, voltou a não afastar que possa vir a ocupar um cargo europeu nos próximos tempos e assume que o mais importante é haver uma “maioria clara” pró-europeia nas eleições de junho. A presidência do Conselho Europeu fica livre em julho, com a saída de Charles Michel.
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Em entrevista ao jornal espanhol “La Vanguardia”, este domingo, António Costa não recusou que o seu futuro possa passar por um cargo europeu. "A minha vida não depende só de mim. [...] O mais importante é que em junho [nas eleições europeias] haja uma maioria clara de apoio ao projeto europeu. Estamos perante desafios muito grandes", afirmou a menos de quatro meses das eleições europeias.
A verdade é que a realização de eleições europeias vai ditar mudanças nos cargos europeus. No rescaldo das eleições europeias, os chefes de Estado e de governo da União Europeia reúnem-se para distribuir os cargos do topo das instituições comunitárias — Comissão, Parlamento, Conselho Europeu, e alto representante para a Política Externa e de Segurança da UE —, tendo em conta os resultados eleitorais, num exercício que tem ainda em conta os equilíbrios geográficos e de igualdade de género.
A presidência do Conselho Europeu poderá ficar livre a partir de julho, uma vez que o atual presidente, o belga Charles Michel, já anunciou que será candidato ao Parlamento Europeu nas próximas eleições de junho. Se for eleito eurodeputado, renunciará ao mandato quatro meses e meio antes do seu término (que só terminava no final de novembro). Charles Michel concorrerá nas listas do partido liberal Movimento Reformador (MR). Neste cenário, se os líderes europeus não chegarem a um acordo quanto a um candidato que possa dirigir o Conselho Europeu a partir de julho, o cargo poderá ser entregue ao primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán. O conservador assumirá a presidência rotativa da União Europeia no segundo semestre do ano.
Mas podem existir ainda mais cargos de topo europeu para distribuir. A presidente da Comissão Europeia , Ursula von der Leyen, também não confirmou se vai cumprir um segundo mandato.
Em Portugal, as eleições europeias serão a 6 e 9 de junho. Depois do sufrágio, os deputados eleitos trabalham de forma a agruparem-se em grupos políticos, mas conhecidos como “famílias europeias”. Consequentemente, na primeira sessão plenária com todos os novos deputados, o novo Parlamento elege uma pessoa para o cargo de presidente e, na sessão posterior, o Parlamento elege uma pessoa para o cargo de presidente da Comissão Europeia.
“Olhar para uma Europa mais alargada”
Durante a entrevista ao jornal catalão, Costa disse que a Europa vive “um momento tão importante como a queda do Muro de Berlim”, sendo necessário nos próximos anos olhar para uma Europa mais alargada, “seguramente aos Balcãs ocidentais e a uma Ucrânia em paz”, referiu.
“Teremos de fazer reformas importantes na União Europeia, seja do ponto de vista institucional, mas também orçamental, para que a nossa capacidade de acolhimento a estes países seja bem sucedida”, acrescentou.
O primeiro-ministro esteve, este sábado, em Barcelona, onde recebeu o Prémio para os Valores Europeus do Partido Socialista da Catalunha (PSC). No seu discurso, referiu que o projeto europeu, baseado em valores como a solidariedade e a coesão, está “sob ataque, da direita populista, mas também da direita democrática que se deixa condicionar pelo populismo".