
António Filipe e Jorge Pinto durante o debate
Foto: Francisco Romão Pereira / RTP
Num debate entre dois candidatos de Esquerda, a relação de Portugal com a União Europeia e a guerra na Ucrânia foram os temas mais dividiram António Filipe e Jorge Pinto. Os dois fecharam a porta a uma desistência, na primeira volta, a favor de António José Seguro.
O candidato do Livre foi o último a anunciar a candidatura e fê-lo, frisou no debate, porque esperou por uma convergência de Esquerda que nunca chegou. António Filipe alinhou Seguro com a ala neoliberal, longe da Esquerda e, por isso, apontou, entrou na corrida.
Quanto à greve geral de quinta-feira e o pacote laboral do Governo, o candidato do Livre sublinhou ter uma visão distinta para o país das propostas do Executivo. "Quero mudar o nosso modelo económico", frisou Jorge Pinto. António Filipe afirmou esperar que a contestação "acabe com o pacote antes das presidenciais". Se não o fizer e se fosse eleito, garantiu, analisaria a inconstitucionalidade de algumas normas e vetaria certamente o diploma, enviando para o Parlamento a sua fundamentação.
A possibilidade de a União Europeia usar o dinheiro russo congelado nos bancos europeus para a reconstrução da Ucrânia foi o tema dominante. António Filipe garantiu que não defende a saída de Portugal da UE e que nada tem a ver com "Putin, Trump ou Von der Leyen". Jorge Pinto insistiu em por o dedo na ferida, alegando que os comunistas nunca condenaram a Rússia. "Nunca o ouvi atacar com firmeza a invasão", atirou a António Filipe, levando o candidato do PCP a defender-se, referindo que a guerra devia ter sido evitada em 2014 e que a UE nada fez. Quanto ao dinheiro congelado para a reconstrução, António Filipe escusou-se, referindo que "não é banqueiro". Jorge Pinto assumiu-se como patriótico, europeísta crítico e defendeu que Putin tem de ser julgado no tribunal penal internacional.
O debate começou com a regulamentação da Eutanásia. António Filipe garantiu que, apesar das reservas, não devolveria o diploma ao Parlamento e defendeu que o Governo deve regulamentar a lei. Para Jorge Pinto, deve garantir-se "o direito a morrer com dignidade".

