Empresário de Valongo já percorreu mais de 11 mil quilómetros "em nome da fé". A primeira foi há 25 anos, a última aconteceu neste 13 de maio, onde rezou pelos jovens.
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António Pinto tinha 29 anos quando efetuou a primeira peregrinação a pé até Fátima, para cumprir uma promessa feita num momento de "desespero", quando a esposa foi diagnosticada com uma doença considerada incurável. Desde então, todos os anos, em maio e em outubro, ruma de Valongo à Cova da Iria, totalizando já 51 caminhadas, cada uma com cerca de 220 quilómetros. Ao todo, são já mais de 11 mil quilómetros percorridos "em nome da fé".
Empunhando um pequeno andor com uma imagem Nossa Senhora, onde figuram também os três pastorinhos e João Paulo II, que o acompanha em cada peregrinação, António Pinto, conta que, nas três primeiras vezes que foi a Fátima a pé, o fez após ter pedido a Nossa Senhora "o possível e o impossível". Primeiro a cura da sua mulher, que "chegou a ser declarada morta" no bloco operatório, e depois o sonho de ter dois filhos que, segundo os médicos, "estava fora de questão devido aos problemas de saúde da esposa.
"A Virgem concedeu-me estas grandes graças, mesmo com erros que cometi e de ter abandonado a Igreja. Voltei a agarrar-me à fé e nunca mais a larguei", confessa o empresário, revelando que agora vai a Fátima "agradecer e pedir pelos outros", a cada ano com "uma intenção especial". Nesta peregrinação, foram os jovens e as mães a ter um lugar especial nas suas orações. "A juventude precisa de uma mensagem de amor, paz e alegria, de um virar de página."
Magia inexplicável
Enquanto António Pinto cumpriu a sua 51.ª peregrinação a Fátima, Dilan Campinho, jovem espanhol, veio pela segunda vez, a primeira em maio. "Nunca vi um sítio onde se viva a fé com tanta força", afirma Dilan, com 20 anos e que integra uma comunidade religiosa, confessando que se comoveu com a multidão presente nas cerimónias.
"É impossível ficar indiferente a tanta gente reunida na fé. Fátima tem uma magia inexplicável", acrescenta Dilan Campinho, que já tem regresso marcado à Cova da Iria, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. "E para o ano, cá estarei, no 13 de maio", promete.
Mensagem de esperança
Na homilia que proferiu na missa de encerramento da peregrinação, que , segundo estimativas do Santuário, contou com a presença de cerca de 200 mil fieis, cardeal Pietro Parolin disse que Deus é "sempre um futuro de paz e de esperança" e valorizou a atualidade da mensagem de Fátima.
A maternidade de Maria revela-se "universal", pois "não conhece os muros das diversidades culturais, sociais, políticas" e "ensina a dilatar os espaços da Igreja, para que seja a comunidade onde a harmonia das diferenças inutiliza a vontade de domínio e homologação, ao serviço da qual tantas vezes estão injustamente as leis humanas seja por cumplicidade seja por cobardia", afirmou o secretário de Estado do Vaticano.
Vítimas de abusos lembradas
Na missa deste sábado, as vítimas de abusos foram lembradas na oração universal, quando, entre outras intenção, se rezou por "todas as pessoas que foram vítimas de qualquer espécie de abusos no seio da Igreja, para que encontrem nas suas vidas o amor, a luz e a esperança de Cristo ressuscitado".
A peregrinação contou com 151 grupos inscritos - 82 portugueses e 26 estrangeiros - e a missa foi concelebrada por três cardeais, 23 bispos e 274 padres.
Pedidos mais voluntários para a JMJ
No final da peregrinação e ainda com os símbolos da JMJ no recinto do Santuário, o bispo de Leiria-Fátima apelou à participação de mais voluntários e de famílias de acolhimento dos jovens que Portugal vai receber, de 1 a 6 de agosto.
D. José Ornelas, também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, sublinhou que "são necessários mais voluntários" e famílias de acolhimento, nas dioceses e nas paróquias, "para que se faça a festa da juventude que segue Cristo".
Dirigindo-se depois aos peregrinos, em especial os jovens, afirmou que "Fátima é um link para Cristo, é um link para a Igreja", desafiando todos a "procurar caminhos novos para a Igreja e para o mundo"