António Vitorino critica Montenegro: "Estes não são tempos para dar tiros no escuro"
O antigo ministro do PS, Anónio Vitorino, afirmou que os tempos não são propícios a que se dêem "tiros no escuro" e se aposte "em quem não tem experiência", numa referência ao facto de Luís Montenegro nunca ter integrado um Governo. Em Aveiro, alertou que nada garante que a AD não queira voltar a ir "além da troika".
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Lembrando a guerra na Ucrânia, o "massacre em curso" em Gaza, o abrandamento das economias europeias ou a "tensão crescente" entre EUA e China, António Vitorino concluiu que o mundo está "conturbado" e que, como tal, a escolha do próximo domingo será uma "decisão crítica". Por esse motivo, defendeu que o líder da AD, Luís Montenegro, não deve ser o próximo primeiro-ministro.
"Quem já governou sabe que governar é escolher. O Pedro Nuno Santos tem essa consciência e essa responsabilidade", sustentou o antigo comissário europeu. Recordando que a sua primeira função governativa, em 1983, foi ser secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares - tal como Pedro Nuno -, disse saber avaliar o papel "crucial" que o atual lider socialista teve enquanto negociador, nomeadamente na altura da criação da geringonça.
Apontando a mira à AD e a Montenegro, Vitorino referiu: "Temos de explicar aos nossos concidadãos que estes não são tempos para dar tiros nos pés e para fazer apostas em quem não tem experiência".
Direita pode voltar a querer ir "além da troika", adverte
Vitorino recuou ao tempo do úlimo Governo PSD/CDS para lembrar que esses partidos quiseram ir "além da troika". Argumentou que o Execuvito de Passos Coelho tentou "aproveitar o pretexto" intervenção externa para "aplicar uma receita que pusesse em causa alguns dos fundamentos essenciais do Estado Social", tornando permanentes os cortes nos rendimentos. "Só não conseguiram fazer o que queriam porque o Tribunal Constitucional não deixou"; referiu.
Acusando sociais-democratas e democratas cristãos de, na altura da troika, terem aderido ao neoliberalismo, exortou PSD e CDS a "dizerem ao que vêm" e alertou: caso a AD vença as eleições e a conjuntura económica volte a ser negativa, "vamos ver se não descobrem que querem voltar ao tempo em que queriam ir alem da troika".
A fechar, António Vitorino apelou ao voto dos indecisos e, também, dos que pensam fazer uso de um voto de protesto. Dirigindo-se aos primeiros, avisou que a abstenção "è uma desistência da democracia", realçando que só com o poder do voto é que o sistema é "aperfeiçoável"; aos segundos, disse que a eficácia do voto de protesto se esgota "no preciso momento em que ele é feito na cabine de voto", uma vez que se trata de um "grito de alma" que não contribui para resolver problemas.
A campanha termina esta sexta-feira, dia em que o PS faz a tradicional descida do Chiado, em Lisboa. Pelas 19 horas há um comício de encerramento em Almada.