Anúncio de aumento do Complemento Solidário para Idosos gera críticas da oposição
O anúncio do aumento do Complemento Solidário para Idosos (CSI) em 40 euros feito presidente do PSD e primeiro-ministro em contexto de campanha para as autárquicas gerou hoje críticas da oposição, que acusou Luís Montenegro de eleitoralismo.
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Luís Montenegro fez este anúncio durante uma ação de campanha do PSD em Évora, antecipando uma medida da proposta de Orçamento do Estado para 2026, que o Governo PSD/CDS-PP irá apresentar na sexta-feira, dois dias antes das eleições autárquicas de domingo.
Com a subida de 40 euros hoje anunciada, o valor de referência do CSI - prestação destinada aos idosos com baixos rendimentos - passará para cerca de 670 euros mensais.
Questionado se não temia ser acusado de eleitoralismo, o presidente do PSD e primeiro-ministro respondeu: "Eu não receio nada, a minha responsabilidade é partilhar a nossa visão para o país, partilhar o sentido estratégico que, no caso do PSD, nós damos nas várias formas de intervenção que temos".
Pouco depois, em Almada, no distrito de Setúbal, o secretário-geral do PS acusou o primeiro-ministro de "descarada falta de isenção, imparcialidade e independência" por anunciar um aumento do CSI em período de campanha eleitoral.
José Luís Carneiro, que falava no fim de uma visita ao Hospital Garcia de Orta, prometeu apresentar depois das autárquicas de domingo, um relatório sobre a taxa de execução dos planos de ação apresentados pelo Governo.
Ainda antes do anúncio do primeiro-ministro, a presidente da IL, Mariana Leitão, também visitou uma unidade de saúde, em Aveiro, e desafiou a ministra Ana Paula Martins a fazer uma reflexão sobre o seu trabalho e as condições para continuar, após "planos e mais planos" para o setor que, alegou, "não se concretizaram e não resolveram absolutamente nada".
Na Nazaré, no distrito de Leiria, o presidente do Chega, André Ventura, defendeu um "aumento permanente e estrutural" das pensões que "não se reduza a complementos" e remeteu o tema para o quadro do debate orçamental, fora desta campanha, acusando o Governo de "populismo e eleitoralismo autárquico".
Também Rui Tavares, porta-voz do Livre, durante uma ação de campanha em Barcelos, no distrito de Braga, comentou o anúncio feito pelo presidente do PSD e primeiro-ministro, considerando que "toda a gente já conhece bem as manhas de Luís Montenegro", mas disse esperar que "o CSI chegue a cada vez mais gente".
Vésperas de entrega do Orçamento
Interrogado em Braga sobre este assunto, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que "em vésperas de entrega do Orçamento tinha que se falar no Orçamento" e que "é de compreender que cada partido possa dizer aquilo que é a sua expectativa para o futuro, mas deve evitar fazer campanha eleitoral sobre isso".
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, centrou o seu discurso no plano autárquico e escolheu como alvo o PS, primeiro em Loures, onde pediu uma "grande vitória" da CDU, e depois em Lisboa, onde acusou os socialistas de serem cúmplices da "política de direita" de Carlos Moedas, do PSD.
No oitavo dia de campanha oficial para as eleições autárquicas de domingo, Paulo Raimundo disse que não tenciona escorregar na "casca de banana" de comentar medidas isoladas do Orçamento do Estado e desafiou o primeiro-ministro a revelar as "coisas negativas" que constarão da proposta do Governo.
Na Madeira, o presidente do CDS-PP e ministro da Defesa, Nuno Melo, afirmou não se ter sentido "nada corrigido" pela posição de equilíbrio defendida pelo primeiro-ministro em relação aos portugueses que seguiam numa flotilha para Gaza, entre os quais a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, e que foram detidos por Israel.
Nuno Melo acrescentou que o CDS-PP "é totalmente solidário com a coligação" de Governo, mas é também "um partido que vale por si". O antigo presidente do partido Paulo Portas entrou na campanha em Vale de Cambra, um dos municípios geridos pelo CDS-PP, onde apelou ao voto em "bons gestores", e mais tarde em Lisboa, ao lado de Carlos Moedas.
Em Faro, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, esteve em campanha com Cristóvão Norte, candidato da coligação PSD/IL/CDS/PAN/MPT, numa visita hoje o Refúgio Aboim Ascensão, onde classificou como fundamental reforçar a proteção à infância e às vítimas de violência doméstica.