Luís Montenegro cercado nas críticas sobre apagão. Ninguém admitiu demitir-se em caso de derrota dia 18.
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No segundo encontro a oito em menos de 12 horas, todos levaram para a rádio os mesmos argumentos usados na véspera, na televisão, e a questão que precipitou as eleições voltou (outra vez) a ensombrar Luís Montenegro. De novo, foi o tema da Justiça, com PS e PSD a admitirem um pacto para acelerar os prazos judiciais; e o apagão, com todos a apontarem o dedo ao Governo pela forma como geriu a crise. Sobre o dia seguinte a 18 de maio, ninguém se comprometeu com acordos, mas alguns mostraram-se disponíveis para entendimentos. E nenhum admitiu demitir-se caso perca ou obtenha um mau resultado.
No arranque de mais duas horas de confronto, o presidente do PSD garantiu que não cometeu um “pecado capital” com a Spinumviva, apesar dos outros restantes sete líderes lhe atribuírem, com argumentos mais ou menos acutilantes, a responsabilidade pelo país ir novamente às urnas. Até lá, todos preferem focar-se no apelo ao voto.
Acordos pós-eleitorais
Com a exceção do Livre, que se mostrou aberto para um entendimento pós-eleitoral com o PS e até levou uma lista de condições, e da IL, que garantiu que “estará sempre à altura das circunstâncias” para assumir um eventual acordo com a AD, os restantes não abriram muito o jogo. Numa altura em que as sondagens mostram que é cada vez mais possível uma maioria absoluta entre a AD e a IL, Rui Rocha defendeu, já durante a tarde, que agora é tempo de “apresentar propostas” e não de “decidir coligações”. Ainda sobre cenários pós-eleitorais, Pedro Nuno Santos, que no debate afastou a demissão por estar focado em “ganhar as eleições”, considerou que seria impensável a AD não dar condições de governabilidade ao PS, caso os socialistas ganhem as eleições, mas a Direita obtenha a maioria. “Era só o que faltava”, atirou o secretário-geral do PS.
No debate, só Rui Tavares ponderou refletir no seu futuro caso o resultado de 18 de maio não seja favorável ao partido. Sobre uma eventual demissão em caso de derrota, Luís Montenegro mostrou-se confiante: “É um cenário que não equaciono, neste momento”, afirmou.
Sobre o apagão, o ainda primeiro-ministro teve sete dedos apontados à gestão da crise e defendeu-se das falhas do Siresp, dizendo que o Governo “herdou” um sistema “desorganizado” que está agora a “reestruturar”. O PS afirmou que o “Governo falhou”, sobretudo pela falta de comunicação, que gerou “insegurança” e deu “espaço a notícias falsas”. O Chega criticou a “desorientação” do Governo e o envio tardio do SMS. “Comunicar só por comunicar não é a melhor opção”, rebateu Luís Montenegro.
Frases
Luís Montenegro, presidente do PSD
“Quem quer votar na AD não deve dar o resultado como garantido”
Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS
“Na gestão de crises, este Governo é profundamente incompetente”
Rui Rocha, presidente da IL
“É possível corrigir o voto (...). A IL estará à altura das suas circunstâncias”
André Ventura, presidente do Chega
“Para viabilizar um programa do PS, eu tinha de estar completamente louco”
Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP
“Precisamos de mais força para combater a Direita olhos nos olhos”
Mariana Mortágua, coordenadora do BE
“É preciso uma maioria que garanta às pessoas uma melhoria de vida”
Rui Tavares, porta-voz do Livre
“A Spinumviva permanece um potencial veículo de influência”
Inês Sousa Real, porta-voz do PAN
“Mais um deputado para os grandes partidos não fará diferença”