Cerca de 65% já considerou emigrar. Estudo inédito é este sábado apresentado na Convenção Nacional de Jovens Profissionais de Saúde. Organização fala de “cenário preocupante”.
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Perto de metade dos jovens a trabalhar na área da saúde diz-se insatisfeito com as condições de trabalho atuais. Segundo um estudo da Plataforma de Jovens Profissionais de Saúde, em parceria com o Conselho Nacional de Juventude, esta sábado divulgado, 45% dos profissionais ouvidos afirmam estar insatisfeitos com as suas condições laborais, “sendo que apenas cerca de 10% afirma estar satisfeito”.
Há outras conclusões que apontam para um clima de insatisfação: 65% já considerou ou considera emigrar, sendo apontadas razões como “melhores condições salariais, melhor qualidade de vida e oportunidades de desenvolvimento”. Na mesma medida, mais de 60% dos profissionais de saúde auscultados “sentem que os horários de trabalho não permitem conciliar a vida pessoal, profissional e familiar”.
Os resultados do barómetro que avaliou a opinião de 1500 jovens a trabalhar na área da saúde são apresentados na primeira Convenção Nacional de Jovens Profissionais de Saúde, a realizar-se em Lisboa, e que tem como objetivo, de forma inédita e pioneira, ter os mais novos no centro da reflexão do setor.
Várias profissões do setor
O encontro – bem como o estudo – é dirigido a todas as áreas relacionadas com saúde, como medicina, enfermagem, medicina veterinária, fisioterapia, medicina dentária, psicologia, farmácia, nutrição, entre outros. Organizado pela Plataforma de Jovens Profissionais de Saúde e pelo Conselho Nacional de Juventude, é um evento gratuito e que tem como objetivo “debater desafios e construir soluções para o futuro do setor”.
Essas soluções de futuro, diz a organização do estudo em comunicado, são urgentes, segundo se pode concluir pelos resultados obtidos nesta auscultação. “Em igualdade de circunstâncias contratuais, 65% dos jovens a trabalhar no setor privado preferia trabalhar no setor público”, indica o barómetro, apontando para a diferença de competitividade entre os dois sistemas.
Sobre a falta de profissionais no interior do país, o estudo avaliou os fatores que influenciam a retenção de profissionais nestas regiões, tendo sido apontada “a remuneração competitiva” como o principal fator, seguida pela “qualidade de vida”. No entanto, face às atuais condições laborais oferecidas, 48% dos inquiridos “acham ‘nada’ ou ‘pouco’ atrativo trabalhar no interior do país”, indica o comunicado enviado às redações.
Colaboração é importante
O estudo aponta ainda debilidades no ensino, concluindo que 95% dos jovens “acreditam que a colaboração [entre áreas e profissionais] melhora a qualidade dos cuidados, embora apenas metade considere ter sido preparado para esta realidade durante a sua formação”.
Segundo a Plataforma de Jovens Profissionais de Saúde, constituída por diversas áreas, os números apresentados mostram “um cenário crónico preocupante de insatisfação e intenção crescente de emigração”. Sob o lema "Uma saúde à nossa medida", a convenção que acontece hoje "surge da necessidade de dar voz aos jovens profissionais de saúde, promovendo um diálogo intersectorial e fomentando a troca de experiências”.