Segunda fase do projeto-piloto da DGS vai ser implementada em 14 centros de saúde. Pandemia suspendeu programa iniciado em 2019.
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As consultas de atividade física vão voltar a ser realizadas em 14 centros de saúde para utentes com diabetes tipo 2 ou depressão. O projeto-piloto da Direção-Geral da Saúde (DGS) para promoção da atividade física no Serviço Nacional de Saúde está na fase 2.0, depois de a iniciativa ter sido interrompida após o surgimento da covid-19. Há mais quatro unidades a participar no programa (eram dez). No total, cada centro de saúde vai envolver pelo menos 60 utentes.
"Temos de dar um novo início [ao projeto] porque passou muito tempo. Estamos a convidar alguns dos utentes que participaram na primeira fase", explica Cristina Godinho, diretora-adjunta do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física da DGS, já que nem todos foram acompanhados durante os seis meses previstos. O número de pessoas em consulta pode chegar agora às 840. Na primeira fase do projeto, que se iniciou em maio de 2019, foram abrangidas 217 pessoas.
Os utentes são selecionados pelo médico de família que, com o consentimento informado do doente, reencaminha o processo para as consultas de atividade física. A partir daí, o seguimento acontece com um médico graduado em Medicina Desportiva e um profissional do exercício físico.
"As pessoas que vinham à consulta sabiam do que se tratava e tinham uma motivação extra", esclarece a médica Diana Campos Lopes, que trabalhou na primeira fase do projeto-piloto numa unidade de Vila Franca de Xira. A clínica admite, porém, que houve uma "percentagem pequena de desistências". "Havia utentes que diziam que sim ao médico de família, mas depois afirmavam que não estavam interessados", diz.
Como ir à farmácia
A atividade física é feita em "programas na comunidade", veiculados pelas câmaras municipais, supervisionados por um professor e sem qualquer custo para o utente. "O encaminhamento depende da avaliação física, das necessidades e dos interesses dos utentes", refere Cristina Godinho, que acrescenta que o modelo é como levar uma "prescrição para levantar um medicamento na farmácia".
Por outro lado, "as pessoas que trabalhem em período noturno" e descansem durante o dia, por exemplo, cumprem um plano individual e mais autónomo, como fazer caminhadas. "Têm algoritmos próprios de avaliação", revela Diana Campos Lopes. A maioria dos utentes observados pela médica tinha entre 50 e 55 anos.
Para a fase 2.0 do projeto-piloto, a DGS optou por manter as patologias analisadas na primeira fase - a diabetes tipo 2 e a depressão - para cumprir os "critérios de comparabilidade" entre os dois momentos da iniciativa. Além disso, "são condições para as quais existe evidência científica de eficácia na prática da atividade física".
A segunda parte da iniciativa começou a ser implementada em maio, mas nem todas as unidades começam em simultâneo, aponta Cristina Godinho. O objetivo é que os dados recolhidos integrem um estudo, que avalie "a possibilidade e a mais-valia de escalar esta resposta [consultas de atividade física] para outras localizações e serviços no país", conclui.
OBJETIVO
Diminuir o tempo que cada um passa sentado
Diana Campos Lopes, que realizou consultas de atividade física na Unidade de Saúde Familiar (USF) Terras de Cira, em Vila Franca de Xira, explica que a evolução dos utentes é "bastante díspar". O programa consiste no "aumento do nível de atividade física e na diminuição do tempo que se passa sentado", diz a médica. "Diminui-se o risco de enfarte de miocárdio e de AVC, se eu conseguir reduzir o número de horas que aquela pessoa passa sentada." Além do projeto-piloto da DGS, já é possível a qualquer médico de família fazer um "aconselhamento breve" de atividade física. Entre o final de 2017 e 2021, foram emitidos 42 645 guias.
A SABER
Locais
A fase 2.0 do projeto-piloto vai ocorrer em sete unidades da Administração Regional (ARS) do Norte, uma do Centro, cinco de Lisboa e Vale do Tejo e uma do Alentejo.
Formação
A DGS adianta que "50 profissionais, entre os quais médicos com formação pós-graduada em Medicina Desportiva e profissionais do exercício físico", fizeram uma formação para participar na fase 2.0.