Retrato confirma que PS e partidos da AD reuniram mais de dois terços dos votos válidos em 14 legislativas.
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Desde 1976, apenas seis dos 24 governos concluíram o mandato. E, em conjunto, o PS e os partidos que formam a Aliança Democrática reuniram mais de dois terços dos votos válidos em 14 legislativas. Quando o país se prepara para novas eleições antecipadas a 18 de maio, após a queda do Governo de Luís Montenegro, crescem os receios de que isso possa afastar os eleitores das urnas. Em meio século de democracia, as legislativas com maior número de votantes foram as últimas, embora as de 1979 tenham registado a menor taxa de abstenção.
O retrato atualizado da evolução histórica das eleições portuguesas é feito pela Pordata, base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que divulga um conjunto de dados desde o 25 de abril de 1974 até às últimas eleições, em 2024.
Quanto à duração dos executivos nacionais, em cinco décadas, somente seis dos 24 governos (16 legislaturas) concluíram o mandato, escreve a fundação. São dois governos do social-democrata Cavaco Silva, um do socialista António Guterres e outro do seu camarada de partido José Sócrates, o Executivo de Pedro Passos Coelho e o Governo que António Costa liderou de 2015 a 2019.
Círculos que dominam
O retrato mostra que foram também seis os governos eleitos com maioria absoluta, quatro liderados pelo PSD e dois pelo PS. Em concreto, dois com a AD liderada por Sá Carneiro, em 1979 e 1980; dois com Cavaco Silva, em 1987 e 1991; um com José Sócrates, em 2005, e outro com Costa, em 2022. Destes, só Cavaco e Sócrates conseguiram concluir os mandatos.
O partido com mais votos em legislativas foi o PSD (2,9 milhões), na recondução de Cavaco em 1991.
O retrato mostra ainda que os quatro maiores círculos eleitorais, que são Lisboa, Porto, Braga e Setúbal, elegem mais de metade dos deputados à Assembleia da República.
No ano passado, os três maiores partidos ficaram com mais de 90% dos lugares, com 78% dos votos válidos.