Os líderes do PSD, CDS-PP e PPM assinaram, este domingo, no Porto, o acordo político da Aliança Democrática (AD) válido até 2028, para dar "esperança e confiança aos portugueses". Montenegro diz que a AD é "feita a favor das pessoas" e pisca o olho aos desiludidos com o PS. Rui Moreira e Miguel Guimarães presentes.
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Perante uma sala cheia de militantes, simpatizantes e alguns independentes - como o antigo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, e o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira -, o líder do PSD, Luís Montenegro, começou por dizer que a Aliança Democrática é o projeto político que vai devolver “esperança e confiança ao país”.
"Este projeto político é de esperança num país mais próspero e confiança numa sociedade mais justa. Não se alimenta nem pela ameaça, nem pela hostilidade. Não se move pela instigação infantil do medo ou do terror. Ao contrário do PS, não somos um movimento político ressabiado. É feito a favor das pessoas, não contra ninguém”, notou.
Montenegro realça que a AD é "um projeto para dar um bom Governo ao país", que "cuide das urgências e das aflições" que têm de ser resolvidas. Depois, olhou com prioridade para os mais jovens que tantas vezes são "esquecidos" e que estão preocupados "com os seus filhos e com os seus pais".
"PS esvaziou e desorganizou quase tudo no SNS"
Apontanto críticas ao PS, que realizou este fim-de-semana o seu 24.º Congresso, o líder do PSD acusa os socialistas de terem destruído o SNS. "Chocou-me que o grande ausente do congresso do PS tenha sido o SNS. Tanta paixão pelo SNS e não convidaram o SNS para o congresso. Percebe-se porquê: o PS esvaziou e desorganizou quase tudo no SNS. Neste congresso, o novo líder e antigo líder tudo fizeram para desprezar aquilo que hoje é a primeira preocupação que os portugueses têm: a saúde. Como é possível este manto de silêncio?”, questionou.
Para Montenegro, em Portugal "existe uma sociedade que não é justa. É uma sociedade pobre. E eu não quero para Portugal a pobreza como estado natural do país. ”Àqueles que acreditaram no PS há dois anos, este projeto é para vós. Para aqueles que se desiludiram. O PS desperdiçou a bela oportunidade que lhe deram”, apela.
"Hoje somos muitos. Amanhã seremos milhões!", terminou.
O acordo foi assinado pelos presidentes do PSD, Luís Montenegro, do CDS-PP, Nuno Melo, e do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira. Prevê acordos para as legislativas, de 10 de março, europeias, em junho, e autárquicas.
"Vamos vencer as eleições"
Para Nuno Melo, líder do CDS-PP, as próximas eleições vão ser uma oportunidade para os portugueses “responderem ao referendo: se aceitam o estado a que Portugal chegou e se estão disponíveis para fazer alguma coisa para mudar”.
Melo lembrou as “filas intermináveis no centro de saúde”, a “falta de médicos de família” ou os “doentes esquecidos nos corredores dos hospitais. Para depois deixar críticas a Pedro Nuno Santos que considera “o rosto personificado do desastre” das políticas de habitação. Para o líder do CDS-PP, só a AD conseguirá pôr fim ao “absoluto descontrolo de fronteiras que se vive em Portugal porque não há mínimo de humanidade da integração”. Apontado que a solução a esta aliança é "um PS ainda mais radicalizado à esquerda e com o apoio do populismo que, dizendo-se de direita, antecipa que vai apresentar uma moção de censura à AD”, aludindo a declarações do presidente do Chega, André Ventura.
Quanto às vozes socialistas que apontaram a responsabilidade da crise política ao presidente da República, Nuno Melo salienta que “não nasceu em Belém, nasceu em São Bento, pela mão de um primeiro-ministro que saiu”.
“Não se conseguem melhores resultados a votar nos mesmos. A AD é a única alternativa credível, experimentada e com quadros extraordinários capazes de dar um novo rumo a Portugal”, nota.
No final do discurso, deixou a certeza de que “Luís Montenegro será capaz de fazer da AD uma vez mais um projeto transformador”. “Sempre que nos juntámos em eleições legislativas, nunca perdemos. Não há-de ser agora. Acredito profundamente que vamos vencer as eleições”, acrescentou.
Risco da eternização da esquerda
Do lado do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira começou por recordar a AD de 1979 para dizer que é “uma honra estar aqui neste momento simbólico para o país”, lembrando que o perigo “de eternização da esquerda” no poder continua a “ser um risco e um problema dos nossos dias”. Para o presidente do PPM, a AD é a única esperança de derrotar o PS e os seus “aliados da geringonça”, caso contrário “o PS instalar-se-á no poder durante anos”
“Aproveitar a capacidade instalada no Sistema Nacional de Saúde”
Já Miguel Guimarães, ex-bastonário da Ordem dos Médicos, e que foi o primeiro a discursar, nota que o SNS deve aproveitar a “capacidade instalada no SNS” e pede um novo modelo de reorganização do sistema de saúde. “Não posso continuar calado perante o que está a acontecer no país. A [AD] tem todas as condições para poder governar Portugal. Para fazer mais e melhor. São quase nove anos em que os aspetos negativos suplantam claramente aquilo que foram os aspetos positivos”, afirmou, aquele que é apontado como um dos nomes que deverá integrar a lista de deputados pelo Porto.
“O Governo está a destruir o Serviço Nacional de Saúde. Estamos a falar da falência daquilo que são os responsáveis pela Saúde em Portugal. Falta estratégia, planeamento e orientação.”, considera.
Para o médico, é necessário “aproveitar a capacidade instalada no Sistema Nacional de Saúde”. “O nosso primeiro-ministro e ministro de Saúde dizem que temos o maior Orçamento do Estado para a Saúde. É verdade. Que temos mais médicos, enfermeiros e profissionais de saúde. Se temos isto tudo, o que é que está a falhar? Será falta de competência?”, atirou Miguel Guimarães.