O arcebispo Angelo Vicenzo Zani afirmou que "o mundo sofre novos processos de mudança que questionam a religião e o papel da Igreja" e enfatizou que a mensagem de Fátima "continua ainda mais atual".
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O arcebispo de Volturno falava, este sábado de manhã, na homília da missa no Santuário, que encerrou a Peregrinação do Migrante e do Refugiado, iniciada na sexta-feira, e à qual presidiu.
Dirigindo-se aos fiéis, o arcebispo Zani disse que o mundo vive "num clima de relativismo, de positivismo e de neopaganismo em que o lugar de Deus é ocupado por novos ídolos e onde o homem parece conduzir a própria existência só no horizonte temporal e material".
Olhar para os outros, para aqueles que estão ao nosso lado e de dar prioridade aos que sofrem
O arcebispo, secretário da Congregação para a Educação Católica da Santa Sé, sublinhou que "a mensagem que a Virgem Maria deu aos pastorinhos de Fátima, no seu apelo à conversação, à oração e à penitência, está em sintonia com a palavra de Deus " e, divulgada há quase um século, em 1917, "continua ainda mais atual".
A atualidade da mensagem é justificada por Vicenzo Zani, por convidar os homens "a abrir os olhos para Deus" que "ilumina e dá sentido a cada coisa", disse, referindo: "Temos a impressão de estar mergulhados numa noite escura que oculta os valores do espírito e nos faz perder a perspetiva do futuro".
Realçou ainda a atualidade da "mensagem de Fátima", no sentido de olhar para os outros, para aqueles que "estão ao nosso lado e de dar prioridade aos que sofrem" e também porque "nos convida" num empenho "no mundo para construir a paz e a fraternidade entre todos os povos".
O prelado italiano citou o Papa emérito Bento XVI que definiu Fátima "a mais profética das aparições modernas", e declarou que "o cenário de há cem anos atrás permanece diante dos nossos olhos nestes primeiros anos do século XXI".
Vicenzo Zani recordou que as aparições de Fátima, em 1917, aconteceram quando "o mundo vivia a tragédia da I Guerra Mundial", à qual se seguiu "um século marcado por grandes mudanças e transformações na vida social, cultural e política".
O mundo sofre novos processos de mudança que questionam a religião e o papel da Igreja
"As mais expressivas foram o fenómeno galopante do ateísmo, da secularização, da indiferença religiosa e a queda dos regimes comunistas", disse Zani, referindo que "a Igreja caminhou imersa nas situações mais difíceis" e "consagrou-se ao Imaculado Coração de Maria, levou por toda a parte a imagem peregrina da Senhora de Fátima para dar a conhecer a todos a sua, e assim viver, a sua materna proteção".
O arcebispo italiano reforçou esta ideia, recordando, as palavras do Papa Francisco, segundo os quais o mundo vive "a terceira guerra mundial em pedaços" e "o mundo sofre novos processos de mudança que questionam a religião e o papel da Igreja".
"Fátima ajuda-nos a ler a história e a ver que é possível mudá-la a partir de dentro, com a força que vem do alto", disse o prelado, que lembrou nesta peregrinação do Migrante e o Refugiado, "os emigrantes portugueses dispersos pelo mundo", "os trabalhadores imigrantes em Portugal" e "os refugiados à procura de paz e liberdade".
Na missa deste sábado, em que Zani convidou os cristãos a "serem portadores de alegria e paz", foi consagrada uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, que será levada pelo Comissariado da Terra Santa em Portugal, para ser entronizada na igreja de S. Salvador da Terra Santa e igreja paroquial de Jerusalém.