Os incêndios florestais consumiram até 31 de agosto mais de 106.500 hectares, o quarto valor mais elevado de área ardida dos últimos 10 anos, revelou, esta quarta-feira, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
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O último relatório do ICNF indica que, entre 1 de janeiro e 31 de agosto, ocorreram 9701 incêndios rurais que resultaram em 106.639 hectares (ha) de área ardida, entre povoamentos (54.328 ha), matos (42.367 ha) e agricultura (9.944 ha).
"Comparando os valores do ano de 2022 com o histórico dos 10 anos anteriores, assinala-se que se registaram menos 15% de incêndios rurais e mais 36% de área ardida relativamente à média anual" dos últimos 10 anos", precisa o documento.
O relatório avança que o ano de 2022 apresenta, até ao dia 31 de agosto, o sexto valor mais elevado em número de incêndios e o quarto valor mais elevado de área ardida desde 2012.
Os dados provisórios mostram que os anos com mais área ardida na última década, até 31 de agosto, foram 2017 (236.485 hectares), 2013 (130.393) e 2016 (128.515).
Por sua vez, os anos com maior número de fogos foram 2012 (19.071), 2013 (16.114), 2015 (16.034), 2017 (14.344) e 2016 (10.942).
Segundo o ICNF, o maior número de incêndios deflagrou nos distritos do Porto (2.294), Braga (1 066) e Vila Real (830) e foram "maioritariamente de reduzida dimensão" ao não ultrapassam um hectare de área ardida, mas o distrito mais afetado em área ardida foi o da Guarda com 24.773 hectares, representando mais de 23% da área total ardida até 31 de agosto.
Outros distritos com mais área ardida foram Vila Real, com 24.105 hectares (cerca de 23% do total), e de Leiria, com 10.069 hectares (9% do total).
O ICNF precisa que também foram os concelhos da Guarda, Manteigas, Covilhã, Vila Real e Ourém os mais afetados.
O documento mostra igualmente que, em 2022, os incêndios com área ardida inferior a um hectare são os mais frequentes, representando 82% do total de incêndios rurais, e até 31 de agosto registaram-se 16 grandes incêndios, com área ardida superior ou igual a 1000 hectares.
O maior incêndio até à data foi o que começou a 06 de agosto no concelho da Covilhã e que atingiu a zona da Serra da Estrela ao longo de 11 dias, tendo consumido 24.334 hectares de floresta, seguido do fogo no concelho de Murça (Vila Real) que em julho provocou 7.184 hectares de área ardida.
De acordo com o documento, julho é o que apresenta maior número de incêndios rurais, com um total de 2.745 incêndios, o que corresponde a 28% do número total registado este ano, sendo também esse mês o que regista maior área ardida, 49 888 hectares, o que representa 47% do total.
O ICNF refere ainda que o valor de área ardida real (106.639 ha) corresponde a 69% da "área ardida ponderada", o que significa que a área ardida no ano de 2022 é inferior à área ardida "expectável" tendo em conta a severidade meteorológica (temperaturas elevadas, vento forte, ausência de precipitação e humidade relativa baixa) verificada.
Fogo posto na origem de um quarto dos fogos registados este ano
Um quarto dos incêndios rurais registados este ano teve como origem o fogo posto, sendo a segunda causa mais frequente depois das queimas e queimadas, segundo o último relatório o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
O ICNF, que hoje divulgou o relatório de incêndios rurais deste ano com dados até 31 de agosto, avança que, até à data, o incendiarismo, designadamente de pessoas imputáveis, foi responsável por 25% do total.
O total das queimas e queimadas são a principal origem dos fogos registados este ano, que representam 45% do total das causas apuradas, nomeadamente as queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (21%) e queimadas para gestão de pasto para gado (13%).
De acordo o documento, 8% foram devido a motivos acidentais, como uso de maquinaria e transportes e comunicações, 6% tiveram como causa os reacendimentos, e 2% a queda de raios.
O ICNF ressalva que 75% dos incêndios rurais verificados este ano foram investigados e têm o processo de averiguação concluído. Destes foi possível atribuir uma causa a 64%, ou seja, dos 9.701 fogos registados até 31 de agosto, a investigação permitiu a atribuição de uma causa a 4.650, responsáveis por 58% da área total ardida.