Super estreitos, super luxuosos e super caros. São assim os novos edifícios que rodeiam Manhattan, em Nova Iorque, e que estão a causar polémica pelo impacto visual provocado, que ameaça mudar para sempre a visão aérea sobre a cidade norte-americana.
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Edifícios com mais de 400 metros de altura, mas excecionalmente estreitos e albergando milhares de apartamentos de luxo, são a nova tendência arquitetónica que está a tomar conta de Nova Iorque, ameaçando mesmo mudar a visão aérea da cidade norte-americana em muito poucos anos. Mas, à medida que se vão inaugurando novos projetos e, simultaneamente, anunciando outros, vão também surgindo as vozes discordantes . "Símbolos da desigualdade do século XXI", "excessos elitistas" ou "luxo absurdo" são algumas das críticas a estas construções a que já há quem chame "arranha-céus lápis".
Em junho, o "New York Times" informou que 16 edifícios de 150 metros de altura ou mais deverão ser construídos até dezembro, tornando 2019 num dos anos mais movimentados da cidade no que toca a construção de arranha-céus. Alguns são cubos de vidro modernos, outros envoltos em terracota ou tijolo clássico. Há também há os que brilham ao pôr do sol, graças à sua estrutura em bronze.
A já chamada "revolução da magreza" deu os primeiros passos em 2014 com a inauguração do "One57", um projeto assinado pelo prémio Pritzker francês Christian de Portzamparc. Ali, o primeiro apartamento foi vendido por mais de 89 milhões de euros. Estava dado o primeiro sinal aos construtores de que poderia haver interessados em pagar esses preços por uma visão de 360 graus sobre Manhattan. É a chamada "lógica do luxo": usar a mesma superfície de terreno disponível para fazer crescer os edifícios para o céu e rentabilizar o investimento.
A primeira vez que a maioria dos nova-iorquinos soube deste novo estilo de torres foi quando as viu em construção
Mas a revolução anunciada nos céus de Nova Iorque merece críticas de diversos setores. A Sociedade Municipal de Arte de Nova Iorque (MAS) - organização sem fins lucrativos que faz campanha para proteger o caráter da cidade desde a década de 1890 - publicou uma série de relatórios do Accidental Skyline nos últimos anos, fazendo pressão para que o planeamento seja aberto ao escrutínio público.
"A primeira vez que a maioria dos nova-iorquinos soube deste novo estilo de torres foi quando as viu em construção", diz Tara Kelly, da MAS, citada pelo jornal britânico "The Guardian"