A Administração Regional de Saúde do Algarve garantiu, esta quinta-feira, que tem capacidade para responder a eventuais surtos de covid-19 que surjam no Algarve, como o que foi registado em Lagos, "sem perigo de fechar" a região.
Corpo do artigo
O presidente do conselho diretivo da ARS/Algave, Paulo Morgado, disse que "não há perigo de o Algarve fechar, de o Alentejo fechar ou de o país fechar" porque o que se verifica "neste momento é o aparecimento de pequenos surtos aqui e acolá", o que pode acontecer em qualquer "ponto do território nacional" ou em outros países.
12326225
A Ordem dos Médicos defendeu hoje a necessidade de intensificar uma campanha de sensibilização para as regras de segurança face à covid-19 no Algarve, apontando que uma eventual cerca sanitária é decisão da tutela, mas ouvindo os autarcas. O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Alexandre Valentim Lourenço, também defendeu, em entrevista ao "Diário de Notícias", medidas mais rigorosas para a zona do Algarve, dizendo que, se houvesse um surto de 100 casos em Faro ou em Portimão, tinha que se "fechar o Algarve".
"São declarações alarmistas. Neste momento, a situação da pandemia e da epidemia em Portugal não está completamente controlada, é verdade, mas estamos numa fase descendente da curva. Podemos vir a ter uma segunda onda, como outros países onde a doença existe, mas se essa onda vai ser maior ou menor, ninguém sabe e ninguém é capaz de prever", disse o presidente da ARS à agência Lusa.
12325275
Paulo Morgado assegurou que "o Algarve tem capacidade de resposta", como "teve para a primeira onda" da pandemia, quando "nunca esteve perto de esgotar a capacidade instalada" para tratar os doentes infetados. "Temos capacidade para ter cerca de 250 doentes covid internados nos nossos hospitais e o máximo que tivemos foi um décimo disso, em termos de capacidade de internamento", exemplificou, considerando que, "num surto de 100 pessoas, se calhar, só 10 é que precisam de internamento".
"Qualquer surto, mesmo um de 100 pessoas, que já teria algum significado, não geraria 100 internamentos, a esmagadora maioria destas pessoas ficaria em casa em isolamento de contactos, em seguimento pelo médico de família. Neste momento, na região temos zero doentes com covid-19 em cuidados intensivos e temos só seis doentes internados. E os doentes que temos internados não são até doentes com gravidade", argumentou.
Paulo Morgado disse que o caso do surto existente em Lagos "está e vai ser controlado", porque está em curso uma ação de testagem que já permitiu a realização de "mais de 500 testes" de diagnóstico a pessoas que estiveram na festa ou a contactos próximos, sobretudo nos concelhos de Lagos e Portimão, "onde residem a maior parte dos casos relacionados com este surto".
12314450
"A percentagem de positivos é baixa e temos a certeza que vamos conseguir controlar a situação com a estratégia que está em marcha. As nossas capacidades são mais do que suficientes para dar resposta a esta situação", disse ainda o presidente da ARS, sem precisar o número exato de infetados já detetado relacionado com o surto de Lagos.
O Algarve, que ontem tinha seis novos infetados, registou hoje mais 35, quase seis vezes mais (448 no total). O aumento de casos acontece como consequência de uma festa ilegal realizada a 7 de junho no salão de festas do clube desportivo de Odiáxere, em Lagos.