São terras encaixadas nas serras, de casas em pedra e ruelas estreitas. Sem cafés, mercearias ou farmácias. No interior do país, há gente que não tem o nome de Cristiano Ronaldo na ponta da língua e que não sabe que está a decorrer um Europeu de futebol. O fenómeno da seleção nacional está longe de ser transversal.
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A rede de telemóvel é escassa, as ruelas estreitas em chão de pedra, as casas e casinhas de granito, amontoadas em cima da serra de Montemuro, toda verde por esta altura, num sossego quase inabalável. Aqui, não há um café, uma mercearia, uma farmácia. Só uma capela. E a estrada, cheia de curvas e contracurvas, que nos leva até à pequena aldeia de Vale de Papas, em Cinfães, é a mesma a que temos de voltar para ir embora. É porta de entrada e de saída.
“Quantas pessoas cá moram? Agora talvez umas 14”, atira uma moradora que está de volta das árvores, chapéu na cabeça e uma bata a cobrir-lhe a roupa, espécie de farda que anuncia que anda dedicada aos afazeres domésticos e que não resta tempo para conversas. Nas janelas, não se avista uma única bandeira de Portugal, a febre da seleção nacional de futebol parece assunto de outras gentes, a sofrência com os jogos não tem ares de morar aqui, poucos parecem importar-se com o Campeonato da Europa que está a decorrer.