O ex-coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo morreu esta terça-feira, aos 67 anos, depois de anos de uma batalha contra o cancro.
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Marisa Matias
A eurodeputada do Bloco de Esquerda (BE), Marisa Matias, lamentou hoje a morte de João Semedo, considerando que era uma referência política fundamental que procurou sempre encontrar soluções que ajudassem à vida das pessoas.
"O João era um dos imprescindíveis. Creio que fica e ficará sempre a forma como ele se debateu por um país mais decente para toda a gente e a forma como o fez, com alma, com coração, com garra, sem nunca abdicar de nenhuma das lutas essenciais para a vida de toda a gente", disse à Lusa Marisa Marias.
Na opinião da eurodeputada, João Semedo será recordado com mais ênfase naquilo que foi o seu papel na defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e mais recentemente da possibilidade da morte digna.
Ferro Rodrigues
O presidente da Assembleia da República recordou o ex-dirigente do Bloco de Esquerda (BE) João Semedo, que hoje morreu, como um "homem de diálogo e de convicções" e que deixa uma "imensa saudade".
Ferro Rodrigues afirma, numa mensagem colocada no 'site' do parlamento que Semedo, "como dirigente e coordenador do Bloco de Esquerda contribuiu decisivamente para a consolidação do partido e para a atual solução de governo", com o executivo minoritário do PS com o apoio parlamentar dos partidos à esquerda.
Enquanto ex-deputado do BE durante vários anos, deixa no parlamento "uma imensa saudade" e "foi sempre um homem de diálogo e de convicções", lê-se na mensagem de Ferro Rodrigues, que disse ter recebido a notícia da morte de João Semedo com "muita tristeza", apesar de não ser inesperada.
O presidente da Assembleia lembra ainda o médico e ex-militante comunista como "uma das principais personalidades políticas da última década e meia" e a sua "defesa cívica e política do Estado Social, e em particular do serviço nacional de saúde" como algo que "perdurará como exemplo na memória de todos".
Bloco de Esquerda
"O Bloco de Esquerda informa que morreu esta manhã João Semedo, com 67 anos, médico e militante político, e transmite à sua mulher, ao seu filho e a toda a família as mais sentidas condolências", lê-se numa nota enviada à agência Lusa.
O partido considera que "a perda de João Semedo é de todos os que partilharam o seu ímpar e diversificado percurso, que com ele lutaram, aprenderam e conviveram, na política e na vida".
Ana Jorge
"O João Semedo sempre foi uma pessoa respeitadora do outro, dedicado a causas, sempre com muita honestidade, verdade e aprofundando sempre os conhecimentos com respeito pela posição de cada um", afirmou Ana Jorge, em declarações à agência Lusa.
Ana Jorge destacou ainda que João Semedo, "mesmo nas questões políticas, tinha sempre uma grande capacidade de diálogo".
"Mesmo na causa da morte assistida e na possibilidade de cada um decidir o seu fim de vida, deu um grande contributo para o conhecimento e para a discussão, colocando o assunto na ordem do dia, sempre de forma muito profissional e humana, afirmou.
PCP
"Perante a notícia do falecimento de João Semedo, o PCP endereça à família e à Direcção do Bloco de Esquerda, as suas condolências."
Fernando Rosas
"Foi um homem livre, tranquilo, determinado e que travou batalhas até ao fim" disse o historiador Fernando Rosas. "Consciente da sua situação de saúde manteve-se sempre empenhado nas questões políticas em que acreditava", afirmou Rosas, recordando que esteve envolvido no processo da despenalização da eutanásia que - "não passou no Parlamento, mas há de passar um dia" e também na defesa do Sistema Nacional de Saúde (SNS) "juntamente com António Arnaut (PS) que faleceu recentemente."
"João Semedo nunca desistiu de lutar. Foi militante e dirigente do Partido Comunista Português, mesmo antes do 25 de Abril, e dirigente do Bloco de Esquerda até à morte".
Marcelo Rebelo de Sousa
O Presidente da República lamentou a morte do ex-coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo, recordando-o como um "homem de causas", defensor do Serviço Nacional de Saúde, e afirmando que o país sentirá a sua falta.
Numa nota divulgada no portal da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa "lamenta a morte de João Semedo e envia à família as mais sentidas condolências".
O chefe de Estado - que se encontra em Cabo Verde, na ilha do Sal, para participar na XII Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) - já ligou à coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, a dar as condolências, adiantou à agência Lusa fonte da Presidência da República.
"Médico de profissão e defensor do Serviço Nacional de Saúde, João Semedo foi um homem de causas, politicamente empenhado desde muito jovem, com um ativismo político anterior ao 25 de Abril. Militante do PCP durante muitos anos, partido que abandonou no início da década de noventa, chegou mais tarde a coordenador do Bloco de Esquerda", refere o Presidente da República, na nota hoje divulgada.
Rui Rio
O presidente do PSD, Rui Rio, recordou João Semedo como alguém que estava na vida pública "por convicções e não por qualquer interesse pessoal", considerando que o antigo coordenador do BE fará "falta à política portuguesa".
"O dr. João Semedo era alguém que vou guardar na minha memória como uma pessoa que estava na vida pública por causas e convicções e em circunstância alguma por qualquer interesse pessoal. Isso hoje vai escasseando cada vez mais e, portanto, tenho um grande respeito por toda a gente que está assim na vida pública", destacou Rui Rio, em declarações à agência Lusa.
"Pese embora as grandes diferenças ideológicas que tínhamos, eu acho que o dr. João Semedo faz realmente falta à política portuguesa", salientou.
Rio conhecia pessoalmente João Semedo "há muitos anos" e recordou que, quando foi presidente da Câmara Municipal do Porto, o antigo deputado do BE colaborou num programa de combate à toxicodependência na cidade.
Ordem dos Médicos
O bastonário da Ordem dos Médicos lamentou a morte de João Semedo, que considerou um lutador que sempre defendeu o Serviço Nacional de Saúde e os direitos das pessoas com coragem e coração.
Miguel Guimarães frisou que João Semedo teve importância em várias áreas que marcaram o caminho da saúde em Portugal nos últimos anos, destacando o testamento vital, o estatuto dos dados de sangue, a prescrição por denominação comum internacional e os direitos dos doentes.
"Teve intervenção em várias áreas, seja com projetos de decreto-lei ou colaborando nas leis que foram feitas e que marcam o caminho do que e saúde em Portugal nos últimos anos", afirmou.
O bastonário disse igualmente que João Semedo "foi sempre um lutador, enquanto estudante de medicina, médico e político, e teve sempre como principio defender os direitos das pessoas com coragem e com o coração, de forma apaixonada e intensa".