<b>1.</b> Há hospitais privados a mais em Portugal? <b>2.</b> As companhias farmacêuticas deveriam rever a sua política de preços de medicamentos dado o baixíssimo poder de compra da população e crise do Estado? <b>3. </b>Globalmente, as listas de espera do Serviço Nacional de Saúde estão neste momento a um nível de resposta EXCELENTE / BOM / SUFICIENTE / RAZOÁVEL / MAU
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António Ferreira , presidente do conselho de administração do Hospital de S.João
1. A capacidade instalada (pública e privada) é excessiva e provoca um aumento desnecessário da despesa pública, nomeadamente através da ADSE.
2. Os compradores, principalmente o sector público, devem rever a sua política de aquisição, definindo uma política de consumo para o SNS, única forma de baixar o preço.
3. BOM - sobretudo quando comparado com o histórico e com o que se passa no resto do mundo.
Isabel Vaz, presidente da comissão executiva da Espírito Santo Saúde
1. No sector privado esta pergunta não se põe: os hospitais que não merecerem a confiança dos cidadãos, não têm procura e fecham.
2. A política de preços dos medicamentos em Portugal já é altamente regulada pelo Estado.
3. RAZOÁVEL. Podem melhorar com a reestruturação da rede hospitalar e melhor coordenação entre as redes de cuidados primários, hospitalares e continuados.
Manuel Antunes, cirurgião toráxico e professor da universidade de Coimbra
1. A emergência de muitas novas unidades hospitalares privadas vai em sentido inverso da redução do número de unidades públicas. Não é necessariamente mau. Vivemos num sistema de mercado em que a competição tem aspectos saudáveis. Resta saber se todas terão viabilidade económica. Alguns casos recentes suscitam fundadas dúvidas. A longo prazo, contudo, o equilíbrio natural prevalecerá. Nas condições actuais, o SNS deverá permanecer como pilar principal da prestação de cuidados de saúde aos nossos cidadãos.
2. Seria o ideal mas pode não ser possível. Os custos de produção são os mesmos em todo o lado. No extremo, poderemos estar a expulsar do mercado os menos poderosos, deixando os mais poderosos a dominar.
3. RAZOÁVEL: Na maior parte dos casos suficiente. Apenas alguns nichos a requerer urgente melhoria
Maurício Barbosa, bastonário da Ordem dos Farmacêuticos
1. É positivo que haja oferta por hospitais privados. Os proprietários assumem por inteiro os riscos dos investimentos. O Estado deve exercer com rigor as funções de regulador e supervisor.
2. Os preços são fixados pelo Estado. Em 2011 a despesa pública com medicamentos em ambulatório diminuiu 19,2% face a 2010. Esta tendência mantém-se em 2012 e agora há diminuição nos hospitais.
3. RAZOÁVEL. Há que distinguir o que é verdadeiramente urgente e dar prioridade a esses casos.
Nuno Sousa, diretor do curso de medicina da Universidade do Minho
1. Sim para as necessidades, mas penso que o mercado irá regular o número de unidades privadas prestadoras de cuidados de saúde.
2. Sim, acho que todas as instituições têm o dever moral de entender o contexto social em que se enquadram e as empresas farmacêuticas não devem fugir a esta regra.
3. SUFICIENTE, mas não necessariamente pelos melhores motivos...
Paulo Mendo, antigo ministro da Saúde
1. A iniciativa privada é livre de investir, cumpridas as obrigações legais e bem conhecidas as suas relações com o SNS se for convencionada. Isto garantido a sua utilidade pública e necessidade são óbvias.
2. Não. Têm a responsabilidade da investigação terapêutica e da distribuição ao público através das Farmácias dos medicamentos a preços acordados por lei. A política social compete ao Estado.
3. RAZOÁVEL. Resvala no entanto para o mau em muitos serviços especializados
Purificação Tavares, Médica Geneticista, CEO CGC Genetics
1. Quanto ao número do total de hospitais, públicos e privados, sim. A capacidade instalada em Portugal é excessiva; na atualidade muitas intervenções são feitas sem internamento, e as boas vias tornam o acesso é fácil.
2. À semelhança dos outros players em saúde, estes são anos de dificuldade em que os preços estão colados ao custo, para manter as empresas em equilíbrio, e conservando ambos os empregos e os clientes.
3. BOM. Comparativamente, na Europa, o serviço fornecido em saúde no SNS é bom, muitas vezes excelente