Há dois anos, nos EUA, um “terramoto” delapidou o que parecia garantido. Agora, no Brasil, em Itália, até no G7, há novos sinais de alerta. E os receios adensam-se. Estará a história prestes a reescrever-se? E em Portugal, o que esperar? Investigadores e ativistas alertam para “sinais preocupantes”.
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No Brasil, está em cima da mesa um projeto de lei para equiparar o aborto após as 22 semanas de gestação ao crime de homicídio - mesmo que a gravidez resulte de uma violação. Em Itália, na cimeira do G7, a declaração final conjunta foi omissa em relação ao direito a um aborto legal e seguro, por manifesta censura de Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana. Antes, em abril, o seu Governo já tinha aprovado, dentro de portas, uma lei que permite o acesso de grupos antiaborto aos centros públicos onde são feitas as interrupções voluntárias de gravidez (IVG). Para que as mulheres possam “receber aconselhamento”. Três episódios recentes que fazem soar os alarmes na luta pelos direitos sexuais e reprodutivos e inspiram questões prementes: até que ponto podemos assistir, num futuro próximo, a retrocessos nesta área? Que papel pode desempenhar neste processo uma extrema-direita que segue em crescendo? E quanto a Portugal, estará a salvo de recuos numa lei que, na prática, já se traduz em inúmeras dificuldades para quem pretenda interromper uma gravidez indesejada?

