Uma assistente operacional do Hospital de São João, no Porto, iniciou este sábado uma greve de fome e uma vigília silenciosa, frente ao Parlamento, onde reivindica a devolução de 14 anos de pontuação na carreira. Vai manter o protesto até quinta-feira e quer ser ouvida pela nova ministra e pelo presidente da República.
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“Devolução dos pontos e correto reposicionamento da carreira”. Esta é uma das frases que se pode ler num cartaz que acompanha Susana Moreira, 47 anos, assistente operacional há 24 anos, no protesto que está a levar a cabo junto à Assembleia da República. Em vigília silenciosa, a profissional de saúde reivindica a “reposição de pontos que retiraram aos assistentes operacionais entre 2004 e 2019”. “Quando o ordenado mínimo era de 600 euros, em 2019, tivemos um aumento de 35 euros e, em troca desse aumento salarial, perdemos 14 anos de pontuação”, explica ao JN.
Segundo Susana Moreira, se esses anos de pontuação fossem devolvidos “subia mais dois ou três níveis remuneratórios”. Recorde-se que, em fevereiro, os assistentes operacionais realizaram uma vigília, junto ao IPO do Porto, onde denunciaram os cortes salariais e o congelamento das carreiras, resultantes do decreto-lei 29/2019.
Tal como o JN noticiou, o decreto de lei já foi revogado em 2020 e em 2021, mas os assistentes operacionais continuam a sentir os cortes nos vencimentos. Susana Moreira pede que se “cumpra a lei”. Mais: o Orçamento do Estado de 2023 destinou 34 milhões de euros para o pagamento de mais de 3 600 euros em retroativos a cerca de 4000 técnicos, mas a medida continua na gaveta de alguns hospitais. Tanto o Hospital de São João, como o Pedro Hispano, alegaram ao JN estar a aguardar diretrizes da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).
Ao JN, Susana Moreira, que dispensou uma semana de férias para realizar o protesto em Lisboa, conta que recebeu o apoio de mais três colegas este sábado. “Só queremos ser valorizados. Estamos na linha da frente, cuidamos dos doentes e queremos ser ouvidos”, vinca.
A profissional de saúde vai continuar a greve de fome e a vigília silenciosa até sábado, dia 6 de abril. Não tem intenções de desistir, apela à participação de mais colegas e espera ser ouvida pelos representantes políticos. “Venha a nova ministra da Saúde, o presidente da República. Eu não saio daqui até ser ouvida. E a vigília é também para todos os colegas que se quiserem juntar para reivindicar os nossos direitos”, afirma.