A Associação Comercial do Porto (ACP) manifestou, este sábado, a sua "perplexidade" pelo facto de o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, ter contestado que a construção da linha férrea de alta velocidade (TGV) se tenha iniciado pelo troço Porto-Lisboa.
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Em comunicado, a ACP considerou que, ao dar prioridade ao trajeto Lisboa-Madrid, Moedas mostrou ter uma "velha visão centralista" sobre o país. Nesse sentido, a associação sustenta que as declarações do autarca de Lisboa "resultam de uma análise profundamente incorreta dos interesses nacionais".
No entender da direção da ACP, liderada por Nuno Botelho, dar prioridade ao trajeto Lisboa-Madrid iria "subalternizar" a capital portuguesa, acentuando a "posição periférica" do país face a Espanha. No limite, essa escolha "poderia tornar dispensável" a construção do novo aeroporto de Lisboa, alega-se.
A ACP considera que as palavras de Moedas "revelam um entendimento muito curto sobre o princípio da coesão territorial, exacerbando a velha visão centralista sobre país, onde tudo começa e acaba na capital". Além disso, priorizar agora o troço Lisboa-Madrid representaria um "incompreensível recuo" da parte do Governo, frisa o texto.
Para a ACP, relegar o troço Lisboa-Porto-Vigo para segundo plano seria "perder uma oportunidade histórica de desenvolvimento económico", uma vez que essa "ligação estratégica" serve "cerca de 2/3 da população portuguesa". A associação sublinha ainda a importância de não se atrasar ainda mais a ligação à rede férrea europeia.
Na sexta-feira, Carlos Moedas considerou "um bocadinho estranho e, de certa forma, incompreensível" que a construção da linha de TGV não começasse pelo trajeto entre Lisboa e Madrid. O autarca da capital acrescentou que essa decisão seria "quase de senso comum" tanto para os portugueses como para os espanhóis.