A Associação Comercial do Porto (ACP-CCIP) considerou esta sexta-feira que o Governo PSD/CDS-PP deveria reprivatizar já a totalidade da TAP, porque esperar mais tempo pode implicar mais dinheiro público numa companhia aérea que não serve os portugueses.
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“Ainda que esteja prevista a alienação do restante capital no futuro, a ACP-CCIP vê com muita preocupação que não exista uma previsão temporal para que essa operação possa decorrer. Além da falta de um cronograma, a venda da posição minoritária pode colocar em causa o sucesso da operação”, referiu o presidente da ACP-CCIP, citado em comunicado.
Para Nuno Botelho, a TAP não serve o interesse dos portugueses e é um sorvedouro de fundos públicos.
“Dividir a venda da TAP em duas fases significa colocar todo o processo com um conjunto de incertezas económicas, operacionais e, sobretudo, políticas, correndo-se o risco de tudo cair por terra”, afirmou.
Na sua opinião, é insustentável que o país continue a ter de gastar recursos que não tem numa companhia que deixou há muito de defender o interesse nacional. “O dinheiro é de todos, mas a TAP é só de alguns. Quantos portugueses pagam a TAP sem nunca terem colocado um pé num dos seus aviões?”, questionou.
Nuno Botelho entendeu que a operação dificilmente permitirá reaver o dinheiro que os contribuintes já colocaram na TAP, o que torna a sua venda ainda mais urgente. “Num país com tantas necessidades estruturais, nomeadamente nas infraestruturas de mobilidade, e com tão poucos recursos, começa a ser tempo de o Estado alocar o dinheiro que é de todos nós em projetos de efetivo valor. A TAP, declaradamente, não é um desses projetos”, concluiu.
O Governo aprovou na quinta-feira o decreto-lei que inicia o processo de privatização da TAP e no qual pretende alienar até 49% do capital da companhia aérea.
A aprovação em Conselho de Ministros do decreto-lei foi o primeiro passo para arrancar com a venda da TAP, que vai voltar a ter acionistas privados depois de em 2020 o Governo ter avançado para a nacionalização no âmbito do impacto da pandemia no transporte aéreo.
A reprivatização da transportadora aérea tem estado em cima da mesa desde 2023, mas foi interrompida com a queda dos dois últimos governos PS e PSD.
Originalmente estatal, a TAP foi parcialmente privatizada em 2015, mas o processo foi revertido em 2016 pelo governo de António Costa, que retomou 50% da empresa.
No ano passado, o executivo de Luís Montenegro retomou o tema e manifestou intenção de avançar com a alienação de uma participação minoritária em 2025. Desde então, têm decorrido negociações com grandes grupos europeus como a Air France-KLM, Lufthansa e IAG.