“É um passo muito importante a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) concordar com a compensação financeira às vítimas de abusos mas a ausência de critérios claros vai levar a uma revitimização das pessoas”, disse ao JN António Grosso, presidente da Associação Coração Silenciado.
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A CEP aprovou, esta quinta-feira, a atribuição de compensações financeiras a vítimas de abusos sexuais por parte de membros da Igreja Católica. Os pedidos de compensação terão caráter supletivo, isto é, não dependem do número de anos em que acontecerem nem se estão ou não prescritos pela lei civil, e deverão ser apresentados ao Grupo VITA ou às Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis entre junho e dezembro de 2024.
Os montantes a atribuir serão determinados por uma comissão de avaliação e é esta avalição que a associação de vítimas contesta. “As vítimas vão ser julgadas novamente e vão ter que voltar a contar os detalhes dos abusos para que a comissão decida que vítimas é que sofreram mais e quem vai receber mais ou menos dinheiro”, explica Grosso.
“Não há uma escala para medir o sofrimento. Que critérios é que a comissão vai usar para definir a compensação a cada vítima”, questiona o presidente do Coração Silenciado para quem um dos exemplos a seguir pelos bispos poderia ser o caso da Suíça. “Lá, as 12,500 vítimas receberam todas cerca de 26 mil euros, sem mais perguntas nem julgamentos”, finalizou.