Em protesto contra o sistema de votação, os representantes dos alunos de uma dezena de universidades abandonaram o Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA), que se realizou em Viseu
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Dez associações académicas abandonaram o Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA) em protesto contra a falta de representatividade na tomada de decisões na entidade que agrega os estudantes do ensino superior. Com exceção das federações académicas de Lisboa, Porto e dos institutos politécnicos, todas as associações abandonaram o encontro que se realizou, este fim de semana, em Viseu, em protesto contra o modelo de votação e aprovação de propostas.
"O regimento do ENDA dá mais votos às federações e aos politécnicos que às associações académicas, o que permite uma enorme injustiça e até uma falta de democracia", disse ao JN Duarte Lopes, presidente da associação académica da Universidade do Minho.
Nesta reunião, estava prevista uma alteração ao regimento, para que o número de votos fosse igual para todas as instituições, mas a proposta acabou por ser chumbada pelas federações de Lisboa, Porto e Politécnicos. Em comunicado, os representantes dos estudantes dizem que "o ENDA não pode ser um espaço onde as associações que representam 25% dos estudantes de todo o ensino superior a nível nacional equivalem a menos de 10% da votação. Infelizmente, o atual modelo, fortemente centralizador e federalista, marcado por discussões que se tornam, por vezes, demagogas e vazias, proporcionadas por jogos de interesse, não cumpre os seus princípios".
Por este motivo, as associações académicas de Coimbra, Açores, Algarve, Aveiro, Beira Interior, Évora, Madeira, Minho e Trás-os-Montes e Alto Douro abandonaram o encontro, que se realiza de três em três meses, e que é o espaço primordial para a discussão das temáticas relacionadas com o ensino superior. Pelas assembleias, passam questões como a ação social, o financiamento das universidades e as propinas, entre outros.
Adequar o peso de cada
O presidente da Associação Académica de Coimbra, João Caseiro, referiu que o movimento não pretende sair permanentemente do fórum e criar um outro, tendo optado por estar fora da discussão deste fim-de-semana. "O nosso objetivo não é tirar voz às associações, mas adequar o peso de uma associação que represente 25 mil e uma que representa 500", frisou o dirigente estudantil.
O atual modelo acaba por ser dominado pelas federações académicas de Lisboa, do Porto e das associações de estudantes do ensino politécnico, o que acaba por contribuir "para uma centralização da discussão".