A Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente (CPADA) apela à reflexão sobre a emergência da ação climática e ao financiamento para a prevenção e combate aos fogos rurais. Afirma que "não é altura de divisões", referindo-se às posições do presidente da AGIF e do presidente da LBP.
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Após o presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), Tiago Oliveira, ter afirmado, numa audição parlamentar, que o financiamento dos bombeiros ocorre em função da área queimada e que considera isso errado, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) reagiu. António Nunes pediu a demissão de Tiago Oliveira e ameaçou apresentar uma queixa-crime.
Depois da troca de palavras que colocam os dois presidentes em lados opostos, a CPADA vem pedir que se "deixe de lado queixas-crime e declarações menos felizes" em prol "do futuro do nosso país e das próximas gerações".
Em comunicado a confederação das associações defensoras do ambiente afirma ter ficado perplexa com a atitude de António Nunes: "A posição do Sr. Presidente da LBP não está focada na profunda reforma que o país tem de fazer para construir soluções estruturais de resposta ao problema de fundo do planeta: o aumento da severidade e frequência dos incêndios como uma das consequências das alterações climáticas".
"Reflexão serena"
Ciente das dificuldades e dos desafios que o país encontrará nos próximos anos devido às alterações climáticas e ao risco de incêndio, a confederação ressalva que "não é altura de divisões" entre as duas instituições e apela "à reflexão serena, à renovada emergência da ação climática e ao respetivo financiamento plurianual de prevenção e combate aos fogos rurais".
Acrescenta, ainda, que "a sustentabilidade, enquanto superior interesse nacional, requer um esforço de diálogo institucional, uma energia coletiva que não pode dispensar ninguém".
Estratégia de neutralidade carbónica
A CPADA relembra que há uma estratégia de redução das emissões em vigor, que visa atingir a neutralidade carbónica até 2045, e que isso exige "uma ação consequente, com investimento público e privado eficiente".
"O sobressalto técnico, cívico e independente para o qual a AGIF nos convoca tem de estimular um consenso nacional, regional e sub-regional que assente no melhor conhecimento e qualificações disponíveis ao qual a AGIF tem dado resposta, sem descurar a proximidade dos cidadãos à qual as corporações de bombeiros dedicam grande parte da sua energia", conclui.