Um grupo de ativistas da Greve Climática Estudantil atirou tinta, esta sexta-feira, contra o Ministério do Ambiente e colou na porta de entrada um plano para um serviço público de energias renováveis.
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"Viemos mostrar o que todos viram esta semana: quem aperta as mãos com o sistema fóssil suja-se", disse Matilde Ventura, porta-voz da ação, de acordo com um comunicado enviado às redações. "A corrupção é inevitável num sistema vergado às empresas, em que governos e instituições negoceiam o nosso futuro a troco de lucro". Os estudantes consideraram que é importante "responsabilizar o governo por se sentar à mesa com grandes empresas para negociar algo que não deveria ser negociado: a transição energética e o nosso futuro".
O grupo, que exige o fim ao fóssil até 2030 e eletricidade 100% renovável e acessível até 2025, afima que estas reivindiações só poderão ser cumpridas com um serviço público de energias renováveis, com controlo público e democrático. "Esta é a única forma de parar a crise climática e de desmantelar o sistema fóssil corrupto dirigido pela lógica do lucro", sublinhou Matilde Ventura.
"O governo caiu, mas não vai haver paz até ao ultimo inverno de gás. Qualquer que seja o governo, não vai haver paz: a crise climática não para e o nosso futuro tem de ser assegurado. Sem futuro não há paz". Esta é a vossa oportunidade de se pronunciarem: euerem acabar com este sistema fóssil ou fazer parte dele?", interrogou a porta-voz.
Grupos de ativismo climático têm realizado várias ações no país, desde atirar ovos ao ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, a atacar o ministro das Finanças, Fernando Medina, com tinta verde. Em setembro, um grupo de ativistas bloqueou a entrada ao local da reunião do Conselho de Ministros e, um dia depois, um outro grupo manifestou-se junto ao Ministério Público de Oeiras. Já no mês passado, o bloqueio da da segunda circular, em Lisboa, e, no dia seguinte, da Rua de São Bento, levou a várias detenções. Ativistas climáticos também pintaram e estilharam o vidro da fachada da sede da REN, partiram o vidro da montra da loja Gucci na Avenida da Liberdade e inutilizaram um campo de golfe, colocando cimento nos buracos. A arte também foi alvo de ações: uma obra de Picasso no Museu do Centro Cultural de Belém foi coberta de tinta vermelha por ativistas, que se colaram às parede. Na semana seguinte, uma ativista do Climáximo colou-se a uma das portas de um avião da TAP que ia fazer o trajeto Lisboa-Porto.
As ações não parecem que vão parar por aqui. Segundo a nota da Greve Climática Estudante, os estudantes vão começar uma onda de ações pelo fim ao fóssil, em que vão "parar escolas e instituições", a partir da próxima segunda-feira.