Os ativistas do movimento Climáximo que foram detidos, no início do mês, por cortarem o trânsito na Avenida de Roma, em Lisboa, vão ser presentes a tribunal esta segunda-feira à tarde, no Campus de Justiça. Os arguidos desconhecem a acusação.
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Os três ativistas do coletivo por justiça climática que acabaram detidos depois de se sentarem no chão na Avenida de Roma, em Lisboa, durante a manhã de 6 de outubro, impedindo a passagem ao trânsito, serão presentes a um juiz esta tarde, pelas 14 horas, no Campus de Justiça.
Ao JN, Mariana Rodrigues, uma das ativistas arguidas, afirmou que ainda não conhecem a acusação de que são alvo, lamentando que a situação tenha condicionado a preparação da defesa. Segundo a ativista, desde que foram levados a tribunal no próprio dia do protesto, os elementos constituídos arguidos estiveram 15 dias à espera de conhecerem a imputação, que não chegou, até hoje, às mãos do advogado que os irá representar.
Sobre a condenação que ficarão a conhecer daqui a poucas horas, Mariana Rodrigues crê que "provavelmente não será uma resposta justa", uma vez que a "justiça, por norma, não tem estado do lado certo, de quem denuncia os crimes", considerou, recordando a sentença recente do ativista antirracista Mamadou Ba por difamação a Mário Machado "quando apenas evidenciou a verdade".
Não obstante, será "com tranquilidade" que se irão apresentar perante ao juiz, afirmou a ativista, reconhecendo que o que fizeram faz parte de uma luta maior pelos "direitos básicos [humanos]" e pela "sobrevivência de todos". "Neste momento, a disrupção que está a acontecer sobrepõe-se a qualquer outra coisa. A necessidade que se impõe [de travar a crise climática] é superior", advertiu.
Este foi um dos vários protestos levados a cabo pelo coletivo - o quarto consecutivo durante essa semana - para "interromper" com a normalidade. Os ativistas acusam os governos e as empresas de combustíveis fósseis de terem declarado guerra a todas as pessoas e ao planeta ao permitir a emissão de gases com efeito de estufa. "Crise Climática: o fim da normalidade", podia ler-se na faixa que os três ativistas seguravam na Avenida de Roma.
Já os 11 ativistas que cortaram, no início do mês, o trânsito na Segunda Circular, em Lisboa, junto à sede da Galp, serão apresentes a tribunal na próxima terça-feira, 31 de outubro, também no Campus de Justiça, depois de ter sido adiado. Durante a ação, em plena hora de ponta, alguns elementos sentaram-se no chão e outros dois ativistas penduraram-se na ponte pedonal sobre a via.
O coletivo tem protagonizado vários dos protestos em prol da ação climática que ocorreram nas últimas semanas. Na passada sexta-feira, três jovens ativistas foram condenadas, cada uma, a pagar uma multa de 600 euros por terem cortado o trânsito, durante 20 minutos, na manhã de 4 de outubro, na rua de São Bento, perto da Assembleia da República. O coletivo adianta que serão organizados eventos para angariar dinheiro para ajudar as visadas a conseguirem pagar a quantia.
No mesmo dia, o ministro das Finanças, Fernando Medina, foi atingido por tinta verde por ativistas da Greve Climática Estudantil, no início de uma sessão de apresentação do Orçamento do Estado para 2024, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. A ação aconteceu cerca de três semana depois de o arremesso de tinta ao ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro.