A Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro (Acreditar) alertou para atrasos nas intervenções oncológicas pediátricas que obrigam crianças a fazer mais ciclos de quimioterapia do que seria necessário, podendo resultar em sequelas que poderiam ser evitadas.
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O alerta foi lançado pela diretora-geral da Acreditar, Margarida Cruz, numa reunião com associações de doentes da área de oncologia promovida pela ministra da Saúde, que manifestou preocupação com a situação. Ana Paula Martins afirmou que é preciso conhecer em detalhe a situação e encontrar uma solução: “Temos de falar com as instituições e temos de agir”.
Proposta para adiar um ano
Segundo Margarida Cruz, “neste momento, existem tratamentos ou intervenções que são adiados ou tomados muito tarde e isso leva a que as crianças durante períodos bastante alargados de tempo tenham de fazer, por exemplo, mais quimioterapia do que aquela que precisariam de fazer”.
A responsável contou que teve conhecimento há pouco tempo do caso de uma criança pequena em que se pôs a hipótese aos pais de a intervenção só ser realizada dentro de um ano. “Um ano na vida de uma criança é um impacto bastante grande”, notou, observando que este tipo de situações não existia. Na reunião, a responsável disse que estes atrasos se devem à dificuldade em contratar profissionais de saúde.
Defendeu ainda que a oncologia pediátrica deve ser uma prioridade, sublinhando que dos cerca de 400 novos casos por ano, há 20% que não sobrevivem e dos que sobrevivem cerca de 60% têm sequelas e, desses, metade tem sequelas graves.
“Portanto, aquilo que eu pretendo é que os tratamentos sejam cada vez mais rápidos e de maior qualidade, preferencialmente de modo a evitar essas sequelas”, defendeu.