Instituições apostam no ensino presencial, mas as aulas à distância vieram para ficar.
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Aulas ao sábado. Faculdades e politécnicos a fecharem para lá das 20 horas. Turmas a funcionarem por turnos. É esta nova normalidade imposta pela pandemia que espera os mais de 380 mil estudantes universitários que começam, a partir de hoje e até ao próximo dia 6 de outubro, a ocupar os seus lugares nas instituições de Ensino Superior. Lugar presencial, acima de tudo, mas também virtual. O ensino híbrido, acelerado em março quando a SARS-CoV-2 nos entrou vida dentro, veio para ficar.
A ordem é desdobrar
A palavra de ordem é desdobrar, na medida em que a capacidade instalada de grande parte das instituições caiu para metade face às regras de distanciamento a que a pandemia obriga. Com autonomia, universidades e politécnicos traçaram planos de contingência à medida. O Politécnico de Castelo Branco, por exemplo, vai utilizar edifícios da cidade, disponibilizados pelo município, para garantir a segurança da comunidade educativa.
O exemplo é dado ao JN pelo presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos: "Há respostas diferenciadas de acordo com as condições e disponibilidade financeira de cada instituição". Em Setúbal, cujo politécnico lidera, Pedro Dominguinhos investiu 150 mil euros em tecnologia para que todas as 60 salas de aula estejam aptas para aulas síncronas. Com uma prioridade: "No 1.º ano tudo vai ser presencial, para promover a integração e o sucesso académico".
Em Bragança, tal como em Setúbal, as aulas vão estender-se ao sábado, até então reservado para pós-graduações e pós-laborais. Com o politécnico a funcionar até às 20.30 horas, o presidente Orlando Rodrigues sabe que "vai ser um ano complicado". Sem orçamentos elásticos "para contratar mais professores", vão entrar "em regime híbrido, com os alunos organizados por turnos, fazendo com que o turno A esteja em regime presencial e o B à distância".
Ensino clínico
Câmaras e microfones são, por isso, agora o novo mobiliário. Das dezenas de horários disponibilizados nos sites das várias instituições e consultados pelo JN, o ensino presencial é uma constante, até por determinação da tutela, mas o online pintalga agora os mapas de trabalho dos alunos. Com um esforço hercúleo de que tudo o que implique laboratório seja "in loco".
É o caso do ensino clínico, que está de regresso aos hospitais e centros de saúde. Na Universidade do Porto, "o ensino clínico vai arrancar com a presença dos alunos dentro das enfermarias, com algumas restrições", explica ao JN o reitor, também médico, António Sousa Pereira. Com outra garantia: "A orientação do Ministério da Saúde é que as unidades do Serviço Nacional de Saúde não podem exigir aos estudantes o que não exigem aos seus profissionais de saúde", refere o antigo diretor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. O que, garante, por sua vez, ao JN o ministro Manuel Heitor, será alvo de "monitorização".
Mais do que tudo, resume o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, António Fontainhas Fernandes, "importa o bom senso... e ver o dia de amanhã".
Zoom
Universidade de Aveiro
Túneis de desinfeção em locais críticos, aulas a começarem mais cedo e a acabarem mais tarde, aposta no ensino presencial para os alunos do 1.º ano, aulas à quarta-feira à tarde (estava reservada para os órgãos de gestão) e um kit com duas máscaras reutilizáveis até 100 lavagens) são algumas das medidas avançadas ao JN pelo reitor Paulo Jorge Ferreira.
Letras do Porto
Com a lotação das salas reduzida para metade, as unidades curriculares foram divididas em dois turnos: o A, correspondente às semanas ímpares, é destinado aos estudantes cujo primeiro nome comece pelas letras A a I; o B para as semanas pares para os alunos de J a Z.
Politécnico de Setúbal
Aulas presenciais e à distância organizadas por bloco, podendo recorrer-se aos sábado para melhor distribuição das turmas. Acrílicos de proteção nos laboratórios.
Usar App
Dezenas de instituições estão a pedir aos seus estudantes que utilizem a aplicação de rastreio digital StayAway Covid, seguindo as orientações da DGES.