As aulas vão arrancar em setembro e o Ministério da Educação quer todos os alunos na escola.
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Após os exames nacionais, o ano letivo começará "em datas a anunciar brevemente" e o regime será presencial em todos os níveis. Os especialistas ouvidos pelo JN são favoráveis ao retorno dos alunos à escola, organizados em grupos pequenos, e pedem autonomia e meios para recuperar aqueles que ficaram para trás no ensino à distância.
Quando os partidos reclamam respostas ao Governo sobre o novo ano letivo, o Ministério da Educação admite que estão a ser preparados "diferentes cenários" para uma "resposta contundente" em função da evolução da pandemia. Porém, o plano A é o retorno às salas de aulas em setembro.
"O objetivo primário é de que o próximo ano letivo possa acontecer presencialmente em todos os níveis de ensino. Sabendo-se que o regime presencial é o que mais minimiza as desigualdades sociais, o próximo ano letivo terá nas estratégias de recuperação das aprendizagens um dos principais pilares", reconhece o Ministério da Educação ao JN, sem especificar as medidas para tornar a recuperação individualizada das aprendizagens.
Dois dias depois de ter lançado a consulta pública sobre o calendário escolar, o Governo esbarrará já num obstáculo: a Federação Nacional de Educação (FNE) quer ver reconhecido o direito dos professores a férias, incluindo os que trabalharão nos exames em setembro. Isso implica começar as aulas só em outubro.
grupos até 15 alunos
É a proposta de João Dias da Silva, certo de que será necessário flexibilizar currículos, permitir que as escolas identifiquem o número de horas de professores e de créditos para apoiar os alunos. Também "não será possível ter mais de 15 alunos na mesma sala", defende, o que, em sua opinião, determinará que parte do ensino continue à distância.
"Tem de dar-se um voto de confiança aos diretores para encontrarem as soluções. Só poderemos ter entre 15 e 20 alunos por sala e o problema está nos centros urbanos, onde o risco de contágio é maior e as escolas estão a abarrotar. Não temos os recursos humanos e logísticos para os desdobramentos", avalia David Justino.
Para o sociólogo e ex-presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), será necessário contratar mais docentes, quer para desdobrar turmas, quer para apoiar os alunos na recuperação. Admite, porém, que uma parte complementar do ensino seja à distância.
Antes do arranque letivo, há que fazer o balanço da "evolução de cada aluno", contemplando, em particular, "ações de apoio intensivo a alunos mais abandonados nestes três meses", propõe Joaquim Azevedo, professor da Universidade Católica. Esses "planos concretos" terão de efetivar-se nas primeiras semanas de aulas.
mais uma hora semanal
José Eduardo Lemos, presidente do Conselho de Escolas, entende que é necessário diferenciar o Secundário, sobretudo os alunos em fim de ciclo. "Uma medida exequível seria de reforçar a carga horária em uma hora semanal no ano terminal das disciplinas sujeitas a exame nacional", especifica, considerando que, no limite, terão de fazer-se "exames nacionais com vários itens à escolha dos alunos".
Os diretores querem especial atenção às crianças do 1.º Ciclo. "Há que atacar as aprendizagens com professores de apoio em sala de aula", frisa Filinto Lima. Também Manuel Pereira pede autonomia para contratar professores e organizar alunos em grupos pequenos, ainda que seja necessário manter algum trabalho à distância. No 1.º Ciclo, "é importante que os alunos tenham aulas presenciais toda a semana".
Para Maria Emília Brederode, presidente do CNE, é preciso ir mais além: "Variar os métodos" de ensino e proporcionar mais atividade física e mental aos alunos.