O eleito do Chega na Junta de Freguesia de Póvoa de São Miguel, no concelho de Moura, suspeito de ter efetuado disparos com arma de fogo contra uma família sueca, renunciou ao mandato, revelou, esta terça-feira, fonte partidária.
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O autarca do Chega na Assembleia de Freguesia da Póvoa de São Miguel, em Moura, Beja, renunciou ao mandato. Vítor Ramalho foi detido pela Diretoria do Sul da Polícia Judiciária (PJ) por homicídio qualificado na forma tentada e libertado por um juiz. É suspeito de ter disparado vários tiros de caçadeira contra a autocaravana de uma família estrangeira com sete filhos menores.
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Segundo a PJ, a motivação foi "aparentemente determinada por ódio racial". Numa carta enviada ao presidente da Junta de Freguesia, Vítor Ramalho alegou "motivos de caráter pessoal".
Fonte do Chega explicou, ao JN, que a renúncia era o único caminho possível, dada a gravidade do crime de que é suspeito. André Ventura já tinha dito ser "completamente contra quaisquer crimes que envolvam atentados contra a vida humana" e, agora, após uma conversa com o autarca, considerou que não deveria representar mais o partido enquanto eleito.
Ainda assim, como foi candidato pelo Chega nas últimas autárquicas como independente, o partido não pode decidir uma punição ou a expulsão, acrescentou a mesma fonte.
O crime aconteceu a 8 de outubro. As vítimas - um casal (o homem oriundo do Curdistão e a mulher sueca) e sete filhos menores entre os três meses e os 11 anos - estavam de passagem pela Póvoa de São Miguel. Vítor Ramalho acusou o homem de ter estacionado mal a autocaranava junto ao supermercado da sua mulher e terá proferido comentários xenófobos relacionados com imigração e subsídios governamentais.
A família abandonou o local e foi perseguida pelo suspeito, de carro, até um terreno ermo, onde foram efetuados os disparos de caçadeira contra a autocaravana.
Justiça
Libertado e ficou com dez armas que possui
Vítor Ramalho foi detido na quinta-feira, fora de flagrante, e não foi presente a um juiz de instrução. Foi libertado, com termo de identidade e residência. O Ministério Público de Moura não pediu medidas de coação acessórias. Também não lhe foram apreendidas quaisquer armas das mais de dez que tem registadas.