Autarcas do PSD falam em "traição aos portuenses" na escolha de Rui Moreira para as Europeias
Duas dezenas de autarcas do PSD do Porto estão contra a escolha de Rui Moreira para liderar a lista da Aliança Democrática às eleições europeias, uma possibilidade que há muito tem sido falada e que, ao que tudo indica, se irá materializar esta segunda-feira à noite.
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Entre os subscritores do manifesto divulgado esta segunda-feira, estão Vladimiro Feliz, candidato à autarquia portuense em 2021 e ex-vice-presidente de Rui Rio, Miguel Côrte-Real, líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal do Porto, e outros nomes relacionados com a candidatura do PSD nas últimas autárquicas, como Filipe Sampaio Rodrigues, Alexandre Pinto e Tiago Mota e Costa.
“Queremos deixar claro publicamente que nos demarcamos desta opção, pois consideramos ser uma traição aos portuenses, aos militantes, simpatizantes e autarcas eleitos pelo PSD, que não temos dúvidas de que deixará marcas profundas na confiança que os portuenses têm no PSD”, explica o texto citado pelo DN. O texto já terá sido enviado à direção do PSD, informa o jornal "Expresso".
No documento, sublinha-se a proximidade de Rui Moreira com António Costa, algo que os subscritores não consideram benéfico, e a promessa de Rui Moreira de cumprir o mandato até ao final. Acusam ainda o atual presidente da Câmara do Porto se ter aproximado do PSD com o "decrescer da sua popularidade".
PSD e CDS-PP vão reunir hoje à noite os Conselhos Nacionais dos dois partidos para votarem os candidatos às europeias e aprovarem uma alteração à denominação da coligação pré-eleitoral AD, com que se apresentarão a eleições. A Comissão Política Nacional do PSD reunir-se-á durante o dia, já que, segundo os estatutos, é deste órgão que sairá a proposta a apresentar ao Conselho Nacional.
Ainda não é oficialmente conhecido o cabeça de lista da AD -- com o nome do atual presidente da Câmara do Porto Rui Moreira a ser apontado como o mais provável por vários órgãos de comunicação social -, mas já se sabe que apenas uma das eleitas do PSD em 2019 poderá repetir-se como candidata a eurodeputada: Lídia Pereira, recentemente eleita vice-presidente do Partido Popular Europeu, e que foi há quatro anos a "número dois", numa aposta do então presidente do PSD, Rui Rio.
O cabeça de lista pelo PSD em 2009, 2014 e 2019, Paulo Rangel, é atualmente ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, e outros três eleitos sociais-democratas há cinco anos deixaram também o Parlamento Europeu para integrarem o XXIV Governo Constitucional: José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura e Pescas, Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e Energia, e Cláudia Aguiar, secretária de Estado das Pescas.
Já Álvaro Amaro, eleito em 2019, renunciou ao mandato de eurodeputado em 07 de julho do ano passado, após ter sido condenado pelo Tribunal da Guarda a uma pena suspensa de três anos e meio, por prevaricação, sentença da qual anunciou a intenção de recorrer.