Na página de Internet, a funcionar desde 20 de maio, foram registadas 156 análises positivas e 24 inconclusivas. Farmácias e parafarmácias já venderam mais de 500 mil dispositivos.
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Até ao dia 7 de junho, apenas 1739 cidadãos tinham indicado a realização de um autoteste à covid-19 no portal público, disponibilizado para o efeito (covid19.min-saude.pt) desde 20 de maio. Desde que os autotestes passaram a ser comercializados no país, no início de março, as farmácias e parafarmácias já venderam mais de 500 mil dispositivos.
Os dados, remetidos ao JN pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), indicam que, destes 1739 registos, 156 tiveram resultado positivo e 24 foram inconclusivos. Os dados mostram ainda que 1491 indicaram ter realizado um autoteste. Os SPMS esclarecem que "o mesmo utente pode registar-se várias vezes com o mesmo número do Serviço Nacional de Saúde, porque pode ter feito mais de um autoteste e, nestes casos, o registo é diferenciado por data/respostas".
O número de autotestes comunicado é largamente inferior aos dos dispositivos colocados à venda. Até 3 de maio, segundo dados da Associação de Distribuidores Farmacêuticos, citados pela Agência Lusa, em meados de março, foram colocados 219 mil autotestes à venda nas farmácias comunitárias. A Well"s, segundo a mesma fonte, já vendeu 100 mil dispositivos nas suas lojas e o grupo Auchan, nos espaços saúde e bem-estar comercializou cerca de 11 mil. E dados da Associação Nacional das Farmácias, citados pelo jornal ECO em maio, davam conta da venda de 430 mil autotestes.
Entretanto, os números das infeções continuam a aumentar (ler texto ao lado). Os dados de ontem dão conta de mais 910 casos confirmados e seis mortes.
"Não nos deve desencorajar"
Na opinião do médico de saúde pública Bernardo Gomes, o número de comunicações, apesar de diminuto, "não nos deve desencorajar". Para o também investigador da Universidade do Porto, mais importante do que a comunicação é o acesso dos cidadãos à testagem. "Seja por autoteste ou por outro tipo de testagem acessível", que garanta a identificação de "pessoas que estejam infeciosas" e que as mesmas, "mediante esse conhecimento, mudem as suas atitudes". No entanto, considera que é possível melhorar a comunicação para incentivar os cidadãos a reportarem a realização dos autotestes no portal online.
De acordo com o especialista, "há um incentivo natural" para a comunicação de um resultado de um teste positivo, que é o acompanhamento médico e as indicações terapêuticas, bem como o acesso às medidas de proteção social como a baixa por doença.
Além disso, explica, os testes rápidos (autotestes ou realizados por profissionais de saúde) dão uma "informação muito útil", que é a de se saber "se a pessoa tem ou não carga antigénica naquele preciso momento". É que, em algumas situações, os testes laboratoriais (PCR) detetam "restos biológicos de uma infeção que até pode já ter ocorrido há algum tempo".
Bernardo Gomes considera existirem três dimensões que se têm de ter em conta: o acesso (preços mais acessíveis), a confiança (acreditar que as pessoas acabam por reportar os resultados) e a liberdade (para que recuperemos a liberdade coletiva).
TECNOLOGIA
StayAway Covid aquém da expectativa
A aplicação StayAway Covid, outra ferramenta tecnológica criada pala auxiliar no combate à pandemia, também não alcançou os resultados esperados. As regras da proteção de dados e a necessidade de serem os médicos a emitir os códigos tornaram o processo complexo. Por outro lado, embora os cidadãos até tenham aderido à instalação (a aplicação teve mais de três milhões de descargas), acabaram por não a usar.
SABER MAIS
PCR de confirmação
De acordo com a Estratégia Nacional de Testes para a Sars-CoV-2, emitida pela Direção-Geral da Saúde, a utilização dos autotestes não substitui os testes laboratoriais e estes não devem servir como forma de diagnóstico para pessoas com sintomas ou que tiveram contacto com casos positivos.
Divulgar resultado
Sempre que um autoteste dê positivo ou inconclusivo, o resultado deve ser comunicado à autoridade de saúde para que seja feito um teste em laboratório para confirmação. Além do portal online, os cidadãos também podem comunicar estes resultados ao SNS24.