Os mais generosos com o primeiro-ministro são os mais velhos e os socialistas. Mas tem saldo negativo entre os mais novos e os que votam à Direita.
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António Costa chega ao fim do seu tempo como primeiro-ministro com saldo positivo entre os portugueses. De acordo com uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF, são mais os que dão boa nota (41%) aos seus oito anos de Governo, do que os que fazem uma avaliação negativa (36%). São também em maior número (39%) os que acreditam que o seu desempenho terá um efeito positivo nos resultados do PS, mesmo que a maioria (48%) entenda que não deve participar na campanha.
O país foi abalado por uma inédita crise política a 7 de novembro. Na sequência de uma investigação do Ministério Público, o primeiro-ministro apresentou a sua demissão, prontamente aceite pelo presidente da República, que haveria de optar, poucos dias depois, pela dissolução da Assembleia da República e a marcação de eleições antecipadas para 10 de março. Tudo apontava, então, para o fim da longa carreira política de António Costa. Uma morte que talvez tenha sido prematuramente anunciada. De então para cá, o ainda primeiro-ministro desdobrou-se em entrevistas, proclamações oficiais e intervenções avulsas. E parece ter virado a maré a seu favor.
Sem unanimidade
Da última vez que o barómetro da Aximage para o JN, DN e TSF mediu o desempenho do então primeiro-ministro, em outubro passado, o saldo era de 22 pontos negativos (mais avaliações negativas do que positivas). António Costa esteve no vermelho desde julho de 2022 (escassos seis meses depois de ter conseguido uma maioria absoluta nas urnas) e a avaliação agravou-se ao longo do último ano. Mas, quando se pede, agora, um balanço, já não dos últimos 30 dias, mas do conjunto dos oito anos de Governo, o saldo é positivo.
Quando se analisam os diferentes segmentos da amostra, percebe-se, no entanto, que não há unanimidade. A avaliação ao consulado de Costa é mais generosa nos dois escalões mais velhos, em particular entre os que têm 65 ou mais anos (saldo positivo de 23 pontos); e mais cáustica nos dois escalões mais novos, em particular nos que têm 18 a 34 anos (saldo negativo de 14 pontos). Ao nível regional, o saldo é negativo na Área Metropolitana do Porto e no Centro (dois pontos) e o melhor resultado é o do Sul e Ilhas (saldo positivo de 20 pontos). Quando a análise incide nos segmentos partidários, não há surpresas: os mais satisfeitos são os que votam à Esquerda (sobretudo os socialistas), enquanto os eleitores à Direita fazem uma avaliação bastante negativa.
Positivo para o PS
Tanto António Costa quanto o seu sucessor, Pedro Nuno Santos, já deixaram claro que, nas eleições de 10 de março, também é o legado destes oito anos que vai a votos. E são mais (39%) os que acham que isso terá uma influência positiva no resultado eleitoral do PS, do que os que acham que terá repercussões negativas (30%). Entre o primeiro grupo destacam-se os que vivem a Sul, os homens, os mais velhos e os eleitores socialistas; no segundo avultam os mais jovens e os que votam nos três principais partidos à Direita.
Finalmente, são também 39% os que querem ver António Costa ao lado de Pedro Nuno Santos na campanha eleitoral dos socialistas. Um desejo que o primeiro-ministro já expressou mais do que uma vez, e que o novo líder do PS acolheu. Mas são mais ainda os que pensam que não é uma boa ideia (48%), em particular os que vivem no Porto, os mais jovens e as mulheres (53%).
O futuro de Costa
27%
Há muito que se aponta a presidência do Conselho Europeu como o destino preferido de Costa. E é para esse lugar que apontam 27% dos inquiridos, quando se lhes pergunta sobre o seu futuro político. No caso dos que têm 65 ou mais anos, são 41%.
22%
Hipótese mais remota é a de Costa liderar a lista do PS para as europeias, para dessa forma tentar chegar à presidência do Parlamento Europeu. Há 22% que apontam esse caminho. No caso dos eleitores do BE, são 39%.
13%
Mais distante, pelo menos no tempo, está uma eventual corrida à Presidência da República: são 13% os que acreditam que essa é a melhor opção, com destaque para os eleitores socialistas (21%).