
Leonel de Castro/Global Imagens
Cada vez mais caro para os consumidores (quase nos dez euros o litro), cada vez mais justo para os agricultores (pelo aumento dos custos de laboração, pela falta de mão de obra). As circunstâncias moldam a realidade. Menos produto, mais procura, mais euros.
A semana vai a meio, há três dias que andam na apanha da azeitona, sem contar com domingo, em que ainda deram uma perninha antes de almoço. É quarta-feira de manhã, o tempo está instável, chove, o sol espreita, chuva e sol em simultâneo, as nuvens não desaparecem. Orlando Cabral tem 50 oliveiras novas e outras tantas velhas neste pedaço de terra, mais 240 num outro terreno mais perto do Douro, em Carrazeda de Ansiães, Trás-os-Montes. Como de costume, o filho António veio de França, a filha Isaura veio da Alemanha com o marido Tomás Cherubin, o filho que dá aulas no Algarve virá mais à noite, a tempo da jornada final. Ilda Areias, a mulher, não pára, o corpo de 81 anos raramente se endireita, quase sempre vergada, a ajeitar os toldes debaixo das árvores, a encher baldes de azeitonas verdes e pretas. Dali a cinco dias terão azeite.
