"O barco vai de saída", cantava Fausto Bordalo Dias numa das suas célebres canções sobre viagens marítimas. A letra descreve essas façanhas como aventuras "p"ra lá da loucura", onde não faltam "mágoas", "perigos e sobressaltos". Para os superar a todos, qualquer embarcação precisa de uma tripulação capaz e o Sagres não foge à regra. Sem ela, esta viagem de circum-navegação não passaria de uma ideia arrojada; e, para manter as forças, os marinheiros requerem uma alimentação suficientemente revigorante, que os ajude e ultrapassar os desafios que o mar coloca.
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Rúben Gonçalves é um dos cinco cozinheiros responsáveis por cumprir essa missão. Revela que a ementa durante a viagem não vai fugir muito do habitual. E incluir pratos como peixe frito com arroz de tomate, febras com batata frita, bacalhau, legumes salteados, arroz de peixe ou jardineira.
"Dividimos a equipa e uns fazem o retém [reserva pronta a servir] para o dia seguinte, de modo a mantermos tudo orientado. Os outros confecionam o pequeno-almoço. Quando é ovos ou bacon, demora mais; quando não é, damos leite, café, chouriço e fiambre", revela o cozinheiro que, a bordo, também tem a função de socorrista.
200 bolos de aniversário
Quem visite o Sagres e passeie pelo convés não espera que, ao entrar num dos compartimentos, o frio do inverno seja de imediato substituído por um calor aconchegante e pelo cheiro a bolos. A responsabilidade por esse facto improvável é de Paulo Santos e Vítor Lourenço, os dois padeiros a bordo.
A missão principal de ambos é fazer o pão. "Fazemo-lo diariamente para o servir ao pequeno-almoço, almoço e jantar, e tentamos dar sempre pão fresco. É esse o nosso "miminho", o nosso contributo para o bem-estar", diz Paulo Santos.
O trabalho aumenta à quinta-feira, dia de sobremesa. Privilegiam-se os doces tradicionais, como o pastel de nata, mas há também o doce típico do Sagres - uma espécie de pão de ló com frutos vermelhos.
"Fazemos sempre bolos de aniversário, são datas que não podemos deixar passar. Se houver 200 pessoas a bordo, temos de fazer 200 bolos. Depois, quando há uma festinha, também fazemos sempre qualquer coisa", conclui Paulo Santos.
11.15 horas é servido o almoço. "Quando estamos atracados, a refeição é das 12 às 13 horas; em viagem, começa às 11.15 horas", diz o cozinheiro Rúben Gonçalves. Na cozinha comem depois.
30 dias de provisões estão assegurados à partida do Sagres, que depois vai reabastecendo. "Mas não é fácil encontrar bacalhau salgado, portanto levamos bacalhau para vários meses", diz o comandante.