Uma criança de 7 anos morreu, no final de janeiro, em Lisboa, vítima de uma infeção provocada pela bactéria Streptococcus A, que pôs em alerta vários países europeus, nomeadamente o Reino Unido, devido ao aumento de mortes em crianças. Este foi o primeiro caso fatal este inverno em Portugal, mas todos os anos há mortes de crianças e adultos associadas a esta bactéria. A Direção-Geral da Saúde garante que o risco continua baixo.
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A menina terá sido observada na Clínica CUF Almada, no dia 30 de janeiro, e teve alta. À noite, por agravamento da situação, a família levou-a ao Hospital da Cuf Tejo, que acabou por transferir a criança de ambulância para o Hospital CUF Descobertas, onde passou a noite internada, apurou o JN.
A situação agravou-se em poucas horas e na manhã de terça-feira foi transferida em estado crítico para o Hospital de Santa Maria (integra o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte), onde morreu com uma infeção generalizada (septicémia), causada pela bactéria.
Questionado pelo JN, o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte confirmou a morte provocada pela bactéria, mas não prestou mais informações.
O grupo CUF também não adiantou pormenores sobre o caso.
Em resposta enviada ao JN, a Direção-Geral da Saúde (DGS) lamentou a morte e referiu que este foi o único caso de morte por doença invasiva de Streptococcus A em 2023. E lembra que Portugal não assistiu ao aumento de casos reportados noutros países da Europa.
"Até à data, e com base nos dados conhecidos até à primeira quinzena de janeiro, os casos em Portugal não apresentam o perfil de aumento acentuado de número de casos de infeção (invasiva e não invasiva) por estreptococos do grupo A que foi reportado desde setembro de 2022 pelos países afetados do centro e norte da Europa", diz a DGS.
Recorde-se que, em dezembro, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças reportou um aumento do número de casos de infeção pela bactéria em causa em crianças com menos de 10 anos, desde setembro, em países como a Irlanda, França, Países Baixos, Suécia e Reino Unido.
Um a dois casos por ano
A Direção-Geral da Saúde adianta ainda que, "conforme tendências conhecidas, esta situação assemelha-se ao perfil conhecido pré-pandémico". Ou seja, acrescenta, os casos compilados de anos anteriores confirmam o perfil de óbitos possivelmente associados a infeção por estreptcocos registadas nesta altura do ano: 2016 (1), 2017 (1), 2018 (2), 2019 (2).
Os anos pandémicos não servem de referência para doenças transmissíveis, pois as medidas de proteção implementadas contra a covid -19, como o distanciamento social e o uso de máscaras, tiveram um impacto na redução de infeções, nomeadamente por bactérias como o estreptococos.
Risco é baixo e recomendações mantém-se
Porque o risco continua baixo, as recomendações emitidas aos profissionais de saúde, em dezembro do ano passado, mantém-se.
"Até agora, não se têm evidenciado alterações do perfil conhecido da infeção e da incidência, mas mantêm-se as recomendações de deteção precoce da infeção e dos critérios de gravidade, amostragem para genotipagem e acompanhamento da situação a nível nacional e internacional, para perceber rapidamente se há alteração no número de casos reportados", refere a autoridade de saúde.