Restauração quer campanha de informação para atenuar conflitos com clientes aos fins de semana. Bares na expectativa de poder reabrir com as mesmas regras aplicadas aos restaurantes.
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Os empresários da restauração esperam que uma nova fase de desconfinamento inclua o fim das restrições de horários nos restaurantes e que os bares possam voltar a funcionar com as mesmas regras - certificado digital ou teste negativo à covid-19 para acesso ao interior. Pedem ainda ao Governo que faça uma campanha de informação dirigida aos clientes, para atenuar conflitos que têm surgido à porta dos estabelecimentos.
O Governo tem remetido para o Conselho de Ministros desta quinta-feira a alteração de algumas das regras em vigor, nomeadamente o uso de máscara obrigatório na via pública, podendo ainda acatar algumas das recomendações dos peritos, anteontem, no Infarmed.
"Se estas medidas têm o propósito de permitir a abertura dos restaurantes em horários em que estariam obrigados a fechar, então não faz sentido que tenham de encerrar às 22.30 horas ou que haja estabelecimentos, como os bares, que não possam abrir", argumenta Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
A associação pediu ao Governo, esta semana, uma campanha de informação sobre as regras em vigor, considerando que "foram anunciadas numa quinta-feira à noite, regulamentadas na sexta-feira à tarde e entraram em vigor no dia seguinte". Por isso, "muitos clientes não sabem que não é o restaurante que lhes impede a entrada ou impõe regras, o que tem gerado conflitos entre quem recusa cumprir e quem se vê obrigado a exigir certificados ou testes".
Daniel Serra, presidente da associação de restaurantes Pro.var, denunciou ainda problemas com a validação dos certificados digitais, que agravam o ambiente conflituoso e levam os clientes a não voltar.
Quatro milhões emitidos
A Pro.var espera que seja retirada a obrigatoriedade do certificado covid à entrada dos restaurantes. Mas as declarações de quarta-feira do ministro da Economia vão no sentido inverso: os certificados são "uma boa maneira" de permitir que "um conjunto grande de atividades funcione sem pôr em risco a saúde da população", disse Siza Vieira, admitindo "alargá-los" a mais atividades económicas.
As recomendações dos peritos foram nesse sentido, sugerindo que os cerca de quatro milhões de certificados emitidos possam ser utilizados para acesso a mais locais. Um sinal foi a autorização para haver público no jogo da Supertaça de domingo, mediante certificado ou teste negativo.
Com essas regras, a Associação Nacional de Discotecas defende que "os bares devem poder reabrir em espaços exteriores e com uso de máscaras em espaços comuns". O presidente, José Gouveia, recordou que já foi essa a recomendação dos peritos do Infarmed a 28 de maio, sem que o Governo a seguisse. "No outono, será altura de reabrir as discotecas, caso contrário já se sabe que os jovens vão juntar-se nas festas ilegais", alertou Gouveia.
Seja quando for, Ana Jacinto pede ao Governo que "diga quando vão poder reabrir, mesmo que não seja já amanhã, mas para que possam preparar-se". Estão encerrados desde março de 2020.