Água sobe para níveis "acima da média" em quase todas as reservas, menos no Sul onde "subida é muito lenta". Chuva de dezembro poderá mudar situação.
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As barragens praticamente vazias no verão, devido à situação de seca extrema do país, estão a encher-se novamente de água. O Norte e Centro recuperaram quase toda a disponibilidade hídrica, para níveis "perto ou acima da média", diz ao JN Francisco Ferreira, presidente da Associação Ambientalista Zero. Os dados são do boletim semanal de albufeiras da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) de 5 de dezembro, por isso é expectável que a situação seja agora mais animadora. "Desde os últimos registos, já houve umas chuvadas grandes", explica o presidente da Zero. O total de água armazenada é de 62%.
Depois do Instituto Português do Mar e da Atmosfera ter alertado, em agosto, que quase 40% do território nacional se encontrava em situação de seca extrema, com barragens cada vez mais secas, o panorama está a melhorar em todo o continente à exceção do Sul, "que continua longe dos níveis médios para esta época, com diferenças muito grandes dos valores médios".
"Choveu muito na última semana no Algarve, mas ainda está muito longe de recuperar. As ribeiras do Barlavento estão com uma diferença brutal, o normal é de 66% e estão com 9,2%, e as ribeiras do Sotavento com 40%. Devem estar muito longe de recuperar ainda. A subida tem sido muito lenta", alerta Francisco Ferreira, acrescentando outros casos críticos de bacias hidrográficas, como "o Sado, 17% abaixo da média dos níveis de armazenamento, Mira 40% abaixo ou Monte da Rocha com 8% quando o normal é 46%".
Acima dos 90%
Já no Douro, Lima, Cávado, Ave e Vouga a situação "melhorou bastante". "Parece que o Centro e Norte praticamente recuperaram. As barragens da Caniçada e de Salamonde estão a 97% da capacidade total, Pocinho a 93%, Régua a 94% e Foz Tua a 92%", exemplifica. As albufeiras mais críticas, "bastante abaixo da média", são, por exemplo, as de Alijó (27% quando a média é de 76%) ou Campilhas (3% quando a média é de 42%).
Segundo o boletim da APA, entre os dias 30 de novembro e 5 de dezembro, os valores registados nas barragens públicas nacionais são semelhantes aos da primeira semana de novembro, de 13 204 hectómetros cúbicos (hm3). No final de outubro, a capacidade total de armazenamento na rede pública de barragens foi bastante inferior, de 7712 hm3.
A capacidade total de armazenamento na rede pública de barragens é, neste momento, de 13 213 hectómetros cúbicos. A 5 de dezembro de 2022 e comparativamente ao boletim anterior (de 30 de novembro de 2022) verificou-se um aumento do volume armazenado em cinco bacias hidrográficas e a diminuição em 10. O JN contactou a APA, mas esta recusou responder.
Precipitação forte no Centro e Sul
Alessandro Marraccini, meteorologista do Instituto Português do Mar e Atmosfera, diz ao JN que, nos próximos dias, vamos ter "precipitação forte e abundante em todo o território". "Espera-se uma situação mais intensa, durante terça-feira, na zona Centro e Sul, entre Leiria e Lisboa, mas para dentro, nomeadamente no Sul de Castelo Branco e Norte de Évora e Portalegre".
30% das albufeiras monitorizadas estão quase cheias e apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total. 34% das albufeiras têm disponibilidades inferiores a 40% do volume total.
Duas bacias acima
Entre 30 de novembro e 5 de dezembro, houve uma descida de 1,1%, 150 hectómetros cúbicos, do volume total armazenado em 77 albufeiras. Só duas bacias, Lima e Ave, se encontram acima das médias de armazenamento do mês de dezembro.