A Ordem dos Médicos (OM) defende, esta sexta-feira em comunicado, que a falta de profissionais no Hospital das Forças Armadas (HFAR) "enfraquece a capacidade de resposta dos serviços de saúde militares".
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Em comunicado enviado às redações, a ordem adianta que o "quadro orgânico de pessoal do Hospital das Forças Armadas nunca foi preenchido completamente", correspondendo a 39% de défice de profissionais de saúde (militares e civis). O bastonário Miguel Guimarães afirma que "a existência de um Serviço de Saúde Militar robusto é essencial para o país", sobretudo face a "uma pandemia que ainda não terminou, uma guerra na Europa sem fim à vista e um Serviço Nacional de Saúde debilitado".
A OM aponta que a situação é "recorrente" e não "pode ser ignorada". A "contratação anual de prestação de serviços na modalidade de avença, se não for realizada atempadamente", faz com que os profissionais de saúde tomem "outras opções" e optem por não trabalhar na saúde militar, justificam, em comunicado.
"Durante a fase aguda da pandemia, os militares estiveram na linha da frente no combate a uma doença desconhecida, dando um exemplo de liderança, no planeamento, organização, apoio e implementação de medidas essenciais que contribuíram para mitigar e para o sucesso na guerra entre a humanidade e o vírus SARS-CoV-2", afirma Miguel Guimarães.
Também durante esta sexta-feira, a Associação de Oficiais das Forças Armadas defendeu que as dificuldades no HFAR são "um episódio da subordinação das condições profissionais, humanas e sociais às habilidades do controle da despesa e do défice". "É sintoma de relações muito doentes entre tutelas", referem em comunicado.
Necessários 200 profissionais
O preenchimento de todo o quadro orgânico do HFAR é "fundamental", segundo a OM, para "a estabilidade e a capacidade de resposta dos serviços de saúde". A Ordem dos Médicos espera, por isso, que o Governo dê condições ao Ministério da Defesa Nacional, ao Estado-Maior-General das Forças Armadas e à direção do HFAR, para que a situação seja resolvida.
O ministério garantiu à Lusa que "os contratos relativos aos processos do pessoal médico e de enfermagem foram já autorizados". A tutela diz estar "a envidar todos os esforços junto das outras áreas governativas competentes, em articulação com a direção do HFAR e o Estado-Maior-General das Forças Armadas, com vista à autorização dos restantes processos".
De acordo com um documento enviado ao Governo, serão necessários pelo menos 200 profissionais, caso contrário as consequências incluem, a partir de janeiro de 2023, "o encerramento de 68 camas de internamento (44 em Lisboa e 24 no Porto) e a diminuição de diversas consultas de especialidade, médicas e cirúrgicas (menos de 20 mil por ano), por exemplo.
Os recursos humanos são também poucos na área administrativa, onde faltam assistentes técnicos, e o funcionamento dos serviços de lavandaria e de alimentação e a manutenção da eletricidade e da canalização não estão assegurados.