A coordenadora do Bloco de Esquerda considerou, esta terça-feira, que os "adiamentos sucessivos" da Comissão Europeia sobre as eventuais sanções a Portugal são para "fazer pressão sobre o atual Governo", criticando PSD e CDS por continuarem a integrar o Partido Popular Europeu.
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Catarina Martins falava aos jornalistas na sede do Bloco de Esquerda (BE), em Lisboa, precisamente depois de ter estado a responder em direto na rede social Facebook a perguntas sobre sanções a Portugal, sessão que decorria enquanto, em Estrasburgo, o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, confirmou que as decisões sobre os Procedimentos por Défice Excessivo (PDE) a Portugal e Espanha não serão tomadas hoje, mas "muito em breve".
"A Comissão Europeia não pode sancionar o país e o que está a acontecer neste momento é um ataque verdadeiramente à democracia em Portugal e à nossa economia porque o que está a ser feito é fazer adiamentos sucessivos para fazer pressão sobre o atual Governo, sobre a atual maioria parlamentar com base na política da própria Comissão Europeia e da direita anterior a essa mudança em Portugal", criticou.
A coordenadora bloquista registou que "todos os partidos disseram que são contra as sanções", mas também que "PSD e CDS continuam a fazer parte do PPE [Partido Popular Europeu] que está a propor sanções", não percebendo como é que estes dois partidos portugueses continuam a fazer parte desta força política europeia.
"Registo que Assunção Cristas escreve cartas indignadas, mas que Nuno Melo não disse nada quanto o presidente do partido europeu em que está inserido pediu as sanções e registo que tanto Passos Coelho como Maria Luís Albuquerque vieram tentar dizer que as sanções têm a ver com o ano 2016. A direita neste momento está aliada a forças que estão a pressionar o nosso país", condenou.
Catarina Martins recordou que a primeira pessoa a pedir sanções contra Portugal foi o presidente do PPE que escreveu uma carta à Comissão Europeia.
Questionada sobre as críticas que foram feitas à proposta de referendo que a líder do bloquista lançou no encerramento da convenção do BE, caso sejam aplicadas sanções a Portugal, Catarina Martins recordou que "todos os partidos em Portugal já tiveram um referendo nos seus programas".
"O PCP, nas últimas eleições europeias, tinha no seu programa referendar os tratados atuais e futuros portanto julgo que estamos a falar exatamente do mesmo, estamos a falar dos mecanismos pelos quais são impostas sanções ao nosso país. Um país tem sempre a necessidade e a obrigação de perguntar a opinião ao seu povo", insistiu.
Ainda sobre as sanções, a coordenadora do BE considerou que "adiar é só mais uma estratégia para fazer pressão e para tentar que algum destes dias - como já tentou Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque - alguém se esqueça do que está em causa".
"E o que está em causa são as contas de 2013 a 2015 por muito que a direita ou a Comissão Europeia gostem de fazer de conta que o que está em causa é 2016", enfatizou.
Para a coordenadora bloquista, esta pressão resulta da Comissão Europeia "conviver mal com alternativas políticas na Europa", lembrando que o PPE é aquele que "está representado em mais governos do Conselho Europeu e mais comissários tem na Comissão Europeia" e que "usam as sanções como uma arma política contra um Governo que não é dos seus".
Questionada pelos jornalistas se teve acesso à carta que o primeiro-ministro mandou ao presidente da Comissão Europeia, Catarina Martins respondeu que não, uma vez que o BE que não faz parte do Governo, não se confundindo os âmbitos de atuação.
"O PS esteve com PSD e CDS tanto no Parlamento Europeu a aprovar os tratados e regulamentos que hoje impõem sanções ao nosso país, coisa que o BE nunca fez", vincou.