A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou esta quarta-feira ser "estranho" que o Governo não avance para a requisição de serviços privados de saúde e poupar, desse modo, "milhares de milhões de euros" ao Estado.
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"O estado de emergência tem permitido ao Governo uma intervenção mais forte na área da saúde, nomeadamente requisitando serviços privados, se necessitar. Aquilo que vemos é que não tem acontecido nenhuma alteração nessa área", afirmou a líder bloquista, após uma audiência com o presidente da República, em Belém.
Para o BE, a requisição é a opção a seguir tendo em conta a "fragilização" do SNS, descrito por Catarina Martins como estando já "muito pressionado" no combate à pandemia.
A bloquista argumentou que o Governo está a gastar "milhares de milhões de euros" em pagamentos a privados para tratamento de doentes com covid-19. "Achamos estranho que o estado de emergência não possa ser utilizado também para que os recursos públicos sejam usados de forma mais eficiente", argumentou.
A requisição de privados foi uma das três preocupações elencadas por Catarina Martins. As outras foram a necessidade de o Governo comunicar as medidas de forma mais "coerente" e o reforço dos apoios económicos e sociais, de modo a que a população não fique "sem capacidade" de enfrentar a pandemia.
BE "mantém disponibilidade" para viabilizar OE
Catarina Martins afirmou que o BE precisa de ler primeiro o texto do decreto sobre o estado de emergência "para tomar uma posição sobre o voto". Acusou o Executivo de estar "a querer fazer tudo pelos mínimos" e sublinhou a necessidade de se tomarem medidas "robustas" de apoio aos portugueses.
A coordenadora bloquista não quis comentar a hipótese de os concelhos do país passarem a ficar divididos em três grupos, consoante o número de infetados. No entanto, admitiu ser "normal que haja medidas diferenciadas", uma vez que a situação também é variável conforme os pontos do país.
Sobre o Orçamento do Estado (OE), Catarina Martins vincou que a "grande divergência" do seu partido com o Governo é que este último quer um documento "na linha dos anteriores", ao passo que o BE insiste num OE com "coragem" para responder à crise.
No entanto, a deputada não fechou a porta a um entendimento com os socialistas: "Vamos ter votação na especialidade. Ainda há tempo para reforçar o OE, queira o PS fazê-lo. O BE mantém a disponibilidade e a determinação de sempre".
O presidente da República continua, esta quarta-feira, a receber os partidos para discutir o OE e a renovação do estado de emergência.