A nova subida das taxas de juro, de 0,25%, levou esta quinta-feira BE, PCP e Chega a exigir que o Governo faça frente ao Banco Central Europeu (BCE) e que os aumentos sejam suportados pelos lucros da banca para baixar as prestações na habitação. Luís Montenegro desafiou depois o Governo a aprovar as propostas do PSD.
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Bloco, PCP e Chega têm insistido para que os lucros da banca sejam usados para baixar os créditos à habitação, exigência que ganha agora nova força com o anúncio do BCE. Por sua vez, Luís Montenegro, líder do PSD, escreveu sobre o novo aumento das taxas de juro na rede X (Twitter), referindo que "as famílias precisam de soluções, não de mais proclamações". E pergunta "porque António Costa e o PS não aprovam as duas propostas do PSD (de fevereiro) para quem tem agravamentos das prestações" nos créditos para habitação.
Pedro Filipe Soares, líder da bancada do Bloco de Esquerda, foi o primeiro a falar aos jornalistas no Parlamento, acusando o Governo de nada fazer face ao "enorme negócio" que serve para aumentar os lucros da banca. "Defender as famílias é dizer aos bancos que têm de baixar" as prestações, defendeu o deputado.
Considerou "inaceitáveis" os "lucros obscenos da banca" com as taxas de juro e insistiu que o Executivo deveria "obrigar os bancos" a "usar esse lucros para baixar as prestações".
Pelo PCP, Duarte Alves instou o Governo e o Banco de Portugal a rejeitarem os novos aumentos e a "enfrentarem" as instâncias europeias. O deputado comunista defendeu que "sejam os bancos a suportar os aumentos das taxas de juro". Por outras palavras, quer que o Governo "obrigue a banca a pagar" esta nova subida. Neste âmbito, sublinhou especialmente o papel que se espera da Caixa Geral de Depósitos no alívio das prestações a pagar pelas famílias.
Insistindo que "Portugal tem de confrontar" a instância presidida por Christine Lagarde, o comunista Duarte Alves acrescentou que também "era importante que o Banco de Portugal fizesse ouvir a sua voz em Frankfurt".
O deputado recordou as propostas do PCP nesta matéria. O pacote de nove iniciativas legislativas apresentadas esta quinta-feira pela bancada comunista incluem limitar em 2024 o aumento das rendas a 0,43%, colocar precisamente a banca a suportar uma parte mais substancial da subida dos juros nos créditos à habitação e reduzir o IRS em três pontos percentuais.
Pelo Chega, Rui Afonso reagiu ao novo aumento das taxas de juro falando de "mais um momento de chantagem" de Lagarde, e denunciou a falta de preocupação social perante os constrangimentos sofridos pelos europeus e, em particular, pelos portugueses. A propósito, lembrou que parte da população que tem recorrido ao Banco Alimentar pertence à classe média.
O Chega exige que "o Governo não seja subserviente a Frankfurt" e defende que tem "que se impor" perante o BCE. Critica de igual modo "os lucros inadmissíveis da banca", verba que "deveria ser transferida para apoiar os créditos à habitação". Para a próxima semana, promete apresentar um novo pacote de medidas.
Para o debate de dia 20 marcado pelo PSD, o Chega já anunciou que levará uma proposta para aplicar à banca uma contribuição extraordinária.