A medida aplicar-se-ia aos créditos para habitação permanente da Caixa Geral de Depósitos, com redução até 3%. Mariana Mortágua estima poupança mensal até 200 euros.
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O Bloco de Esquerda (BE) propõe uma redução imediata das taxas de juro do crédito à habitação da Caixa Geral de Depósitos até três pontos percentuais, estimando uma poupança até quase 200 euros mensais às famílias. O banco público tem a maior fatia do mercado de crédito à habitação e, aponta a bloquista, bateu todos os recordes nos seus lucros: mil milhões de euros até setembro de 2023 que comparam com 583 milhões de euros em 2021.
"Esta é uma proposta simples, sensata e exequível, que consegue fazer uma coisa que mais ninguém propõe neste país: que haja uma transferência direta entre os lucros astronómicos da banca e a redução da prestação do crédito à habitação", disse, ontem à tarde, a coordenadora nacional do BE, na apresentação da proposta na sede do partido, em Lisboa. Mariana Mortágua entende que a Caixa pode reduzir, imediatamente, a taxa de juro aplicada ao crédito à habitação para compra de habitação própria e permanente, até três pontos percentuais, e, ainda assim, continuará a ter resultados muito positivos, "respeitando os seus rácios de capital".
A expetativa do BE é que esta iniciativa do banco público arraste todo o mercado privado, contribuindo para um alívio no orçamento de quem possui um crédito à habitação, desde 100 a 200 euros, tendo em conta a prestação de cada família, o valor em dívida e o prazo do empréstimo. "É este o papel da Caixa Geral de Depósitos, que é um banco público e que deve servir os interesses gerais e o interesse público", concretiza.
Bancos têm engordado
De acordo com simulações do Bloco, a descida de 1,5% na taxa de juro num crédito de 150 mil euros a 30 anos permitiria uma poupança mensal de 132 euros e anual de 1588 euros. Se a redução fosse de 2%, as famílias pagariam menos 174 euros todos os meses ou menos 2086 euros num ano.
Esta medida, reiterou, "pode entrar em vigor imediatamente, sem qualquer espaço de tempo, sem qualquer adiamento, tendo um efeito imediato na carteira e nos orçamentos de quem tem crédito à habitação". Mesmo assim, a Caixa Geral de Depósitos manteria "lucros positivos e níveis adequados de capitalização".
A coordenadora bloquista lembrou que os lucros da banca têm aumentado na mesma proporção da subida das taxas de juro variáveis, determinadas pelo Banco Central Europeu. "A banca enriqueceu, acumulou mais e mais lucros astronómicos à conta do aumento das prestações para valores incomportáveis", salientou.
Num cenário de redução das taxas em meio ponto percentual, a Caixa teria uma perda de 98 milhões de euros no resultado líquido e o rácio baixaria para 19,88%. Caso as taxas reduzissem em 3%, o resultado líquido teria uma redução de 587 milhões de euros e o rácio de capital seria de 18,77%.A medida não implica a injeção de dinheiros públicos.