A coordenadora do BE, Catarina Martins, salientou esta quinta-feira que o partido não vai contribuir para o que considerou uma "cacofonia" sobre a matriz de risco da pandemia, e defendeu a necessidade de um conselho técnico de saúde pública permanente.
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"O BE tem preferido sempre ouvir os técnicos e que as decisões sejam tomadas com a melhor orientação técnica que Portugal precise", afirmou Catarina Martins, apontando que "falta a Portugal um conselho técnico de saúde pública permanente" para que o poder político "não escolha uma ou outra" opinião "conforme os dias, mas para que haja uma síntese científica, técnica".
A líder bloquista falava aos jornalistas no final de uma visita e reunião com a Associação Comunidade Islâmica da Tapada das Mercês e Mem Martins, no concelho de Sintra (distrito de Lisboa), tendo sido questionada sobre a proposta de uma nova matriz apresentada na quarta-feira pela Ordem dos Médicos e pelo Instituto Superior Técnico, que acrescenta uma avaliação da gravidade, e também sobre a decisão do Governo de não tomar novas decisões em termos de medidas para conter a pandemia até à reunião de dia 27 com especialistas no Infarmed.
"Falta em Portugal uma séria síntese científica dos vários contributos, isso seria muito importante, mas o BE não vai colaborar na cacofonia tendo mais opiniões sobre matrizes de risco, achamos que não é esse o nosso papel", salientou Catarina Martins.
Considerando que "as medias de contenção não conseguiram conter a variante Delta na Área Metropolitana de Lisboa e espalhou-se a todo o país", a líder bloquista defendeu que "muito mais importante do que as proibições disto, daquilo, do horário, é ter equipas de saúde pública que façam os rastreios de contacto e que peçam às pessoas que são risco de contágio para estarem em isolamento e lhes deem, aliás, a declaração para faltarem ao trabalho e para ficarem em isolamento".
"Esta medida é fundamental, mais gente nas equipas de saúde pública", pediu, alertando que "sem isso, a pandemia é incontrolável".
Uma vez que a variante Delta que "é muito mais contagiosa do que as variantes anteriores, 60% mais, ainda era mais importante que a saúde pública agisse a tempo e fizesse o isolamento de quem está infetado ou de quem teve contactos de risco com infetados, e isso não está a acontecer", lamentou a líder do BE.
"Para nós, essa é a medida principal porque por muito responsável que cada um de nós seja para tentar evitar o contágio, se não sabe que teve um contacto de risco, se não há uma equipa de saúde pública que entre em contacto e que coloque em isolamento profilático, a pessoa vai espalhar o vírus sem saber", observou ainda Catarina Martins.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 4.061.908 mortos em todo o mundo, entre mais de 188,3 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente da agência France-Presse.
Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.182 pessoas e foram registados 916.559 casos de infeção, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.