O Bloco de Esquerda abordou no debate quinzenal no parlamento o tema da TAP, receando um "novo assalto" ao país pela ausência de um administrador executivo nomeado pelo Governo, à imagem do que sucedeu com o Banif.
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"Na TAP o plano deste Governo é pagar e não mandar. Sem nenhum administrador executivo, como pode o Governo garantir os voos para o Porto ou qualquer outro lugar? Como é que podemos garantir que o interesse público é garantido se o Estado não manda? Não estamos a convidar a um novo assalto?", questionou a porta-voz do Bloco, Catarina Martins.
Na resposta, o primeiro-ministro, António Costa, reconheceu que há uma "visão diferente" entre o PS e o BE na questão da TAP, já que os socialistas sempre admitiram uma "privatização parcial" da empresa, mas asseverou "o respeito pelas regras do Estado de direito" no que "era possível garantir" após a privatização conduzida pelo executivo PSD/CDS-PP. "Defenderemos sempre o interesse estratégico da TAP", acrescentou o governante.
E continuou, dirigindo-se a Catarina Martins: "Compreenderá o resultado a que chegámos tendo em conta as circunstâncias da negociação".
Costa referia-se ao legado do anterior executivo PSD/CDS-PP, e para o primeiro-ministro "todo este processo poderia ter decorrido de uma forma pacífica não fosse a opção ideológica de privatizar tudo" do governo liderado pelo social-democrata Pedro Passos Coelho.
Na sua intervenção no debate quinzenal, a porta-voz bloquista definiu ainda como "preocupante" a reunião do Eurogrupo de quinta-feira, e denunciou a "mentira" de alguns agentes políticos associarem o "nervosismo nos mercados" europeus "ao orçamento português".
"Sejamos claros: não será certamente a recuperação de rendimentos que colocará qualquer problema à execução orçamental portuguesa. (...) Se o Orçamento do Estado tiver algum risco, não é por lhe faltar austeridade: é por faltar crescimento", prosseguiu, asseverando que na discussão na especialidade o Bloco procurará aperfeiçoar o documento.
Depois, a porta-voz do BE questionou o primeiro-ministro sobre se este mantinha a sua palavra de lutar pela recuperação de rendimentos, com Costa a reiterar os acordos firmados com os partidos à esquerda mas também a defesa das regras de permanência de Portugal na zona euro.
"No diálogo com a Comissão Europeia fomos forçados a aumentar impostos. Podíamos ter escolhido aumentar o IVA, mas subimos impostos especiais", sinalizou o chefe do Governo.
No final Catarina Martins chamou ainda a atenção para a central nuclear de Almaraz, a 100 km da fronteira com Portugal, sinalizando que é uma matéria de "segurança" nacional e o Governo deve agir junto de Espanha após notícias recentes de falhas na central.
Por falta de tempo, Costa não conseguiu responder a esta preocupação da bloquista.