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O insuspeito filósofo ateu Bernard-Henri Lévy, do grupo dos "novos filósofos", referência intelectual da "nova esquerda", em declarações ao jornal espanhol ABC, afirma que o catolicismo é de longe a religião mais atacada na Europa e lamenta tantas injustiças contra o papa Bento XVI.
"A voz do papa - diz - é extremamente importante. Somos muito injustos com este papa. Eu não sou católico, mas acredito que há demasiados preconceitos, sobretudo um anticatolicismo primário com grandes proporções na Europa".
"A única coisa que não se perdoa a Ratzinger é que tenha sido eleito papa...", assim termina o livro "Ataque a Ratzinger. Acusações, escândalos, profecias, complôs contra Bento XVI", escrito, em Itália, pelos vaticanistas Paolo Rodari, do jornal "Il Foglio", e Andrea Tornielli, do "Il Giornale".
Em entrevista a "Zenit", Andrea Tornielli afirmou que "certas campanhas mediáticas são determinadas pela 'fome' negativa do preconceito consolidado e não correspondem à realidade. Querem que ele seja visto como um retrógrado conservador, antiliberal e antidemocrático".
Quem escuta Bento XVI conclui que a imagem dos média não corresponde sempre à realidade. Foi o que aconteceu na sua recente visita ao Reino Unido. Tem razão Dominic Lawson, num editorial de "The Independent": "Queremos pedir desculpas por descrever Sua Santidade como o líder tirânico com botas militares de uma instituição corrupta empenhada no estupro de crianças e no extermínio de todo o continente africano. Agora aceitamos que é um homem idoso e doce, que fica feliz da vida quando beija os bebés e que este país tem muito a aprender da sua humanidade e preocupação pelos mais fracos da sociedade."
Com ironia britânica, Lawson constata a mudança generalizada de tom da Imprensa inglesa após a visita do Papa. Foi, de facto, quase unânime o reconhecimento do êxito da visita à revelia dos prognósticos mais sombrios. A mudança mais sintomática talvez tenha sido o caso do jornal "The Independent", que, durante o período anterior à visita pontifícia, tornou-se o porta-voz do sector laicista mais agressivo. Depois, em editorial, teve de admitir que a visita "foi melhor, inclusive muito melhor do que se poderia esperar", graças, sobretudo, "ao que o Papa disse e como disse", mostrando "que tem um lado mais caloroso, mais humano e menos rígido do que parece de longe".