O novo volume da obra de Bento XVI sobre "Jesus de Nazaré" defende que a condenação de Cristo à morte não pode ser imputada aos judeus, mas à "aristocracia do templo" de Jerusalém.
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É importante que seja o Papa a dizê-lo. Afirma-o como grande teólogo como é reconhecido. Mas, a verdade é que já o Concílio Vaticano II (1962-1965), na declaração "Nostra aetate", tinha afirmado, clara e inequivocamente, a respeito da morte de Jesus, que "o mal praticado na sua paixão não pode ser atribuído indiscriminadamente a todos os judeus que viviam então, nem aos judeus dos nossos tempos".
Mesmo assim, compreende-se que o gesto do Papa seja de aproximação aos judeus com quem as relações têm sido tensas. O primeiro-ministro israelita, Netanyahu, saudou e louvou Bento XVI por ter ilibado os judeus na morte de Jesus, acusação que justificou historicamente e por muito tempo o anti-semitismo.
A segunda parte da obra "Jesus de Nazaré" é lançada no Vaticano, no próximo dia 10, e vai ser apresentada em várias dioceses de Portugal, a partir do dia 11.
Quando um bispo se disponibiliza para apresentar o livro do Papa não deve esquecer que também faz promoção comercial da editora. Às vezes, ficar-lhes-ia bem serem mais discretos.
O primeiro volume tinha sido publicado em 2007, dedicado à vida de Cristo (desde o baptismo à transfiguração) e uma terceira parte está a ser escrita por Bento XVI, que vai abordar os chamados "Evangelhos da infância", sobre os primeiros anos da vida de Jesus.
Toda a obra, recorda-se, começou a ser elaborada nas férias de 2003, antes da eleição, em 2005, de Joseph Ratzinger como Papa.