A farmacêutica portuguesa BIAL acaba de lançar um novo medicamento para a doença de Parkinson em Portugal e Espanha. É uma película inovadora que se coloca debaixo da língua nos momentos de bloqueio, os chamados OFF, que ocorrem quando a medicação habitual deixa de fazer efeito e os sintomas regressam.
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O medicamento KYNMOBI (cloridrato de apomorfina) já está disponível na Alemanha desde 2024 e entra agora no mercado ibérico. Segundo a empresa biofarmacêutica, é "a primeira e única película sublingual para o tratamento on-demand dos episódios 'off' em doentes adultos com doença de Parkinson que não estão suficientemente controlados com a medicação antiparkinsónica oral".
Segundo a BIAL, "em Portugal estima-se que a doença de Parkinson possa afetar cerca de 20 mil pessoas e em Espanha 160 mil e todas elas vão experienciar, em algum momento, episódios 'off' ".
Estes episódios, explica a empresa, ocorrem quando a medicação se torna insuficiente ao longo do dia, levando ao reaparecimento de sintomas, que podem ser motores (como rigidez, tremor e dificuldade de locomoção) ou não-motores, impactando as atividades diárias e afetando a autonomia e bem-estar do doente.
"Neste contexto, os tratamentos on-demand (que o doente pode utilizar de forma intermitente, de acordo com a sua necessidade), como complemento da medicação antiparkinsónica habitual, são essenciais", porque promovem o alívio rápido dos sintomas, contribuindo para melhorar a qualidade de vida dos doentes, refere a BIAL.
Afeta 10 milhões de pessoas
Fundada em 1924, a farmacêutica portuguesa, com sede na Trofa, tem já um longo trabalho na doença de Parkinson, que afeta cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo, estimando-se que a prevalência possa duplicar até 2050.
"Atualmente, o nosso segundo medicamento de investigação própria, o Ongentys (opicapone), chega a mais de 100 mil doentes nas mais diversas partes do mundo, desde os EUA, ao Japão ou à Austrália", refere António Portela, diretor-executivo da BIAL, citado no comunicado. A empresa está também a desenvolver o BIA28, acreditando que este fármaco poderá vir a ser revolucionário, na medida em que será o primeiro do mundo a tratar as causas da doença e não os efeitos.
Para António Portela, o lançamento do KYNMOBI é "um passo importante na estratégia de desenvolvimento e de expansão na Europa", onde a BIAL ambiciona ser a empresa de referência na área da doença de Parkinson.
Também citado no comunicado da empresa, Joaquim Ferreira, professor de Neurologia e Farmacologia Clínica na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, refere que “apesar dos contínuos avanços no tratamento da doença de Parkinson, ainda não é possível garantir que os doentes com flutuações motoras não apresentem momentos de bloqueio (OFF)". Assim, defende "a disponibilização de um medicamento de fácil administração, que permita melhorar os doentes rapidamente (ON), é de fundamental importância”.
A BIAL explica ainda que, na sequência de um acordo com a empresa Sumitomo Pharma América, adquiriu os direitos exclusivos de licença comercial da película sublingual de cloridrato de apomorfina na União Europeia, no Espaço Económico Europeu e no Reino Unido.